Além de completar a passagem dos estudantes e pagar a dos idosos, a Prefeitura investe recursos do Orçamento na rede porque a arrecadação não é suficiente. O preço para manter os 15 mil ônibus em circulação, neste ano, deve chegar a R$ 6 bilhões, segundo o prefeito Fernando Haddad. Ano passado, o subsídio foi de R$ 1 bilhão.
Já o pagamento às empresas é feito por passageiro transportado. Cada vez que alguém passa pela catraca, independentemente de como pagou a passagem, as empresas de ônibus recebem, em média, R$ 2,30, e as cooperativas, R$ 1,90 - varia conforme a linha e a região. Quando o pagamento é em dinheiro, fica para a empresa.
Mudanças
Esse modelo de financiamento pode mudar. Os contratos para concessão das linhas vencem no próximo dia 17 e o prefeito decidiu cancelar a licitação que estava em andamento. O motivo é discutir melhor o modelo com a cidade.
O ex-secretário de Transportes da gestão Luiza Erundina, Lúcio Gregori, é um dos "gurus" do Movimento Passe Livre - que lidera as ações pela tarifa zero para o usuário - e critica esse formato. "Ao pagar por passageiro, você interfere na organização das linhas. As empresas vão buscar linhas que tenham mais passageiros e o menor número possível de ônibus", diz. Apenas as linhas mais rentáveis sobrevivem, diz ele.
Outro problema é o estímulo às integrações. Como o passageiro que está no bairro precisa pegar dois, até três ônibus para chegar ao centro, a Prefeitura tem de pagar a três empresas para que um passageiro faça uma única viagem.
Por isso, Gregori defende que a Prefeitura deveria fazer uma espécie de aluguel dos ônibus, pagando as empresas pelo uso dos veículos e distribuindo as linhas sem a necessidade de manter os coletivos lotados. O ex-secretário diz que o aluguel seria pago pela Prefeitura, que arrecadaria recursos fazendo uma reforma tributária.
O consultor de engenharia de tráfego Horácio Augusto Figueira, por outro lado, diz acreditar que deveria existir ao menos uma "taxa simbólica" para o transporte, para evitar, por exemplo, o vandalismo.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 1º de junho de 2013