Solução no passado, os carros se transformaram num grande problema. Metrópoles como Madrid e Paris resolveram eliminá-lo pela raiz: proibir carros em algumas regiões. Até 2020, áreas centrais de muitas cidades serão exclusivas para pedestres e bikes
Por mais de cem anos, o carro foi o principal meio de transporte do mundo e encurtou distâncias para bilhões de pessoas, mas uma das principais invenções dos últimos séculos pode estar com os dias contados. O desenvolvimento econômico ímpar do mundo nas décadas passadas disparou o número de automóveis nas ruas das principais cidades e transformou uma solução num gigantesco problema. Como consequência deste aumento global da frota de automóveis, o carro passou a realizar sua função inversa e fazer as pessoas 'perderem tempo' ao invés de economizarem preciosos minutos. Segundo uma pesquisa inglesa, um motorista perde em média três meses e meio de sua vida apenas procurando vagas para estacionar!
Trânsito, poluição, stress e milhões de horas perdidas por dia fizeram do carro um dos maiores vilões das grandes cidades e a solução encontrada para amenizar o problema foi voltar aos tempos da bicicleta. Cada vez mais os grandes centros urbanos adotam a prática e visam estimular que seus habitantes troquem as quatro rodas por apenas duas. A matemática é simples: é mais rápido e muito mais econômico se locomover de bicicleta ao invés dos poluentes e custosos automóveis. Como fazer isso? Proibir o uso de veículos em diversas regiões das cidades.
Confira 4 cidades que já proíbem carros em determinadas regiões
A cidade dinamarquesa de Copenhague é um dos maiores exemplos de como a conscientização unida com uma ação política firme pode mudar o panorama de qualquer lugar, até os mais problemáticos. Famosa na Europa durante os anos 70 e 90 pelos engarrafamentos quilométricos e tempo perdido no trânsito, a capital da Dinamarca decidiu se reinventar muito antes da preocupação mundial com os congestionamentos. A cidade criou zonas 'livres de carro' já na década de 1960 e, desde então, as áreas que permitem a circulação de veículos foram diminuindo.
Após mais de 50 anos da ação inicial, a cidade possui uma das menores taxas de veículos por habitante do continente europeu e continua investindo na área. Atualmente, o governo está construindo uma 'autociclovia' que é uma espécie de estrada para bicicletas que ligará Copenhague até as cidades mais próximas.
A Cidade Luz passa por uma 'onda' relativamente natural de troca dos automóveis pelas bicicletas. O impulso foi a implantação de rodízio em determinadas áreas da cidade que diminuiu a poluição em até 30% nestas regiões. Após a ação do governo, a população aprovou a medida e aderiu maciçamente ao novo estilo de vida. Em breve, será proibida a circulação de veículos no centro de Paris durante os finais de semana. Até2020, a intenção é que a medida esteja implantada durante todos os 365 dias do ano.
Em contrapartida, a Prefeitura irá dobrar a malha cicloviária até o período. Atualmente, Paris possui cerca de400 quilômetrosque serão transformados em 800 mil metros de vias dedicadas exclusivamente aos ciclistas.
A China é a maior poluidora mundial, mas tenta reverter este estigma num futuro próximo. A segunda maior economia do mundo é famosa entre outras ações por construir 'do nada' metrópoles totalmente planejadas. A cidade satélite de Chengdu é um destes exemplos. Planejada para facilitar ao máximo o deslocamento dos habitantes entre suas residências e empregos, o local foi erguido de forma que é possível chegar de um lado ao outro da cidade em até 15 minutos, sempre a pé.
Chengdu existe há mais de 2,5 mil anos e abriga cerca de 4,6 milhões de habitantes, mas o governo chinês decidiu construir uma nova cidade satélite ao seu lado para iniciar um projeto megalomaníaco de planejamento urbano. A intenção dos arquitetos responsáveis pela nova cidade é que todos possam se locomover sem a utilização de veículos.
A capital espanhola foi radical e proibiu a circulação de carros em diversas regiões da cidade e pretende mais. A intenção do governo local é aumentar ainda mais as áreas restritas a veículos, além de incentivar a utilização de bicicletas. Quem infringir a lei e andar de carro nestas localidades pagará uma multa de R$ 290.
A prefeitura de Madrid está se organizando para que o centro da cidade esteja livre de carros até2020. A intenção é proibir a circulação por completo na área central e, com isso, partir para uma nova etapa que consiste na reorganização viária da região. As novas ruas serão projetadas para o tráfego de pessoas e no máximo de bicicletas.
Fonte: EcoViagem, 2 de abril de 2015