Carros mais modernos e com motores pra lá de potentes exigem muito cuidado e conhecimento dos manobristas. Antes de dar a partida no automóvel do cliente é preciso, no mínimo, ter conhecimentos básicos sobre o veículo e técnicas de pilotagem.
O banco esquerdo do veículo é local de trabalho de Adilson. Só o comportamento dele ao volante é que depende do modelo que dirige. “Esse aqui é automático. É só colocar no D e não tem muito segredo, não.”
Ele é um profissional experiente na tarefa de levar e trazer carros de cientes. Detalhista, cheio de cuidados. “O difícil não é nem colocar ele para rodar, difícil é manobrar com toda a atenção que temos de ter.”
A profissão de manobrista é de total responsabilidade com o bem dos clientes. Mas os acidentes acontecem. E às vezes com um toque dramático.
Como a Ferrari de um milhão de dólares que ficou totalmente destruída. O carro estava na mão de um manobrista de um hotel na Itália. Na hora de sair, o manobrista bateu no muro de uma loja, ele se confundiu e acelerou quando queria pisar no freio. Logo depois, o dono teve de ser levado para o hospital, psicologicamente abalado.
A equipe que atende a clientela de um restaurante na Zona Sul de São Paulo é acostumada com a rotina de testes e treinamentos. “Por medida de segurança, pra que não venha a acontecer nenhum problema com o carro do cliente, porque o carro do cliente é como se fosse nosso”, diz um dos manobristas.
A maior dificuldade é lidar com os carrões de luxo, quanto mais modernos, mais cheios de novidade, mais obstáculos para os manobristas se virarem.
A maior parte dos modelos esportivos, com motores potentes, exige muito do motorista. Antes de dar a partida é preciso, no mínimo, ter conhecimentos básicos sobre o carro e sobre técnicas de pilotagem. Isso na prática quer dizer que assumir o volante de um deles não é para qualquer um.
A aparência é imponente, o motor é daqueles que roncam alto. O torque é a característica de uma dessas máquinas. E tem muito botão pra se concentrar. “Aqui no câmbio você coloca a alavanca numa certa posição e passa a trocar pelas borboletas do volante. É semelhante à troca de um carro de fórmula1”, diz o instrutor Paulo.
A complexidade é maior ainda quando se trata de uma Ferrari. O carro destruído pelo manobrista na Itália é um dos mais modernos da marca: são 620 cavalos, câmbio automático de 6 marchas e dupla embreagem. Muita gente nem sabe pra que serve tudo isso. “Tem controle de tração, de largada, câmbio de fórmula 1, tudo que tem num carro de fórmula 1, é o mais perto que um ser humano comum vai chegar de um de fórmula1”, explica o instrutor.
Numa empresa de locação de carros esportivos para passeio são diversos os modelos que podem ser pilotados pelo próprio cliente. Mas, por precaução, o carro só vai pra rua com um instrutor a bordo.
Para os manobristas, caso se deparem com um carrão distante dos que aparecem por aqui no dia a dia, vale uma regra bastante simples para evitar qualquer tipo de incidente com o carro: “Se eu tiver alguma dúvida, com certeza, eu pergunto pro dono”, afirma o manobrista.
Fonte: SP no Ar/Rede Record, 6 de abril de 2015