Parking News

A Prefeitura de Curitiba começou a testar dia 27 de setembro um ônibus menos poluente, com motor elétrico, com vistas à Copa do Mundo de 2014. A iniciativa da capital paranaense é mais uma tentativa para enfrentar uma contradição: seu sistema de transporte coletivo é considerado o mais eficiente do País, porém, a cidade é dona do maior número de veículos por habitante entre as capitais brasileiras: 0,63 veículos/habitante, o triplo de Salvador (0,19) e superior à média nacional de 0,27, conforme dados do IBGE.
Em 2010, mesmo ano em que recebeu as premiações consideradas o Oscar das categorias "sustentabilidade" e "transporte público" - Sustainable Transport Award, nos Estados Unidos, em janeiro, e Globe Award Sustainable City, na Suécia, em abril -, Curitiba registra um aumento acumulado nos últimos quatro anos de 29,33% em sua frota de veículos, que chegou a 1.177.065 unidades em 2009.

Veja a taxa de veículos por habitante em algumas capitais brasileiras
Capital            Frota de veículos*      População*    Veículos p/hab.
Curitiba (PR)    1.177.065                 1.860.651      0,63
S. Paulo (SP)    5.951.686               11.037.593      0,53
B. H. (MG)        1.196.407                2.460.335       0,48
P. Alegre (RS)     664.503                1.439.171       0,46
Brasília (DF)     1.129.658                2.628.619       0,42
R. Janeiro (RJ)  1.922.082                6.200.027       0,31
Recife (PE)          441.338                1.566.642       0,28
Fortaleza (CE)     631.097                2.518.611       0,25
Manaus (AM)       397.136                1.751.241       0,22
Salvador (BA)     585.820                3.018.888       0,19
Belém (PA)         256.381                1.443.158       0,17
Brasil              47.000.000           174.000.000       0,27
*Dados de 2009 (Fonte: IBGE)

Mas, se o transporte público é tão bom, por que tanta gente usa veículo particular em Curitiba? Para alguns especialistas ouvidos pelo UOL Notícias, o aumento de veículos na capital paranaense vem do seu bom desempenho socioeconômico, que confere maior poder de compra aos seus habitantes.
Curitiba apresenta, segundo dados do IBGE, taxa de crescimento populacional anual de 1,8%, enquanto o Brasil conta com 1,4%. Mesmo sendo a sétima capital em tamanho, ela está em quinto no ranking de PIB (Produto Interno Bruto), com R$ 40 bilhões em 2009. No ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), Curitiba é a segunda capital do País, atrás apenas de Brasília (DF). Com uma renda per capita de R$ 21,7 mil/ano, Curitiba é ainda a segunda cidade com maior taxa de Classe A do País e é onde a Classe C mais cresceu (56% de aumento contra 43% da média nacional, aponta estudo do Instituto Ethos, divulgado em 2009).
Sonho de consumo
Traços culturais também explicam a atração do curitibano por veículos particulares. Desde a abertura do mercado da era Collor, no final da década de 1980, a cidade vem ostentando a maior média de venda de carros de luxo e importados per capita do País - só perde para São Paulo (SP) em venda de Mercedes Benz. Desde que abriu sua loja em 2008, a Porsche vende, em média, 120 unidades por mês. A marca Mini, por sua vez, comercializou 138 carros de agosto a dezembro do ano passado, quando começou a operar.
"Por melhor que seja o sistema de transporte coletivo, o automóvel vai continuar competindo, porque ele é um sonho de consumo, fácil de comprar e garante liberdade de mobilidade", justifica Luiz Filla, gerente de operações de transporte coletivo da Urbs (Urbanização de Curitiba S.A.), empresa pública responsável pelo planejamento, operação e fiscalização de transporte e trânsito na capital do Estado.
"Comprar carro e moto é fácil hoje em dia. Com o veículo na garagem, o usuário não quer se submeter ao horário de ônibus, por melhor que seja o sistema de Curitiba", concorda José Mário de Andrade, diretor de negócios internacionais da Perkons, empresa paranaense especializada em tecnologia para segurança e gestão de trânsito, que inventou a lombada eletrônica. "O sistema curitibano é bom do ponto de vista das pessoas que planejam, mas o usuário sempre terá queixas a fazer porque exige tempo e às vezes, mais de um ônibus para chegar ao destino" emenda, ponderando que a situação de circulação ainda não é extremamente crítica.
Transporte público para a Copa
Aplicado com sucesso em Curitiba pela primeira vez em 1973, o sistema BRT (Bus Rapid Transit), composto por ônibus integrados, é a base do transporte público que transformou a cidade em modelo para cidades brasileiras e estrangeiras.
No total, são 465 linhas urbanas e metropolitanas operadas por 28 empresas privadas. "O principal atributo do BRT é que ele incorpora características do metrô por um custo cerca de 20 vezes menor por quilômetro", explica Luís Antônio Lindau, pós-doutor em engenharia de tráfego e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Nove das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 receberão uma injeção de R$ 22 bilhões para a compra de ônibus articulados para implantação ou ampliação do sistema BRT. Curitiba será uma delas, e o teste do "hibribrus" (ônibus híbrido) da Volvo faz parte das análises preliminares da prefeitura municipal.
A despeito das premiações internacionais, o transporte coletivo curitibano está longe do ideal, admite Ricardo Antônio Almeida Bindo, supervisor de planejamento do Instituto de Planejamento e Pesquisa de Curitiba (IPPUC), entidade ligada à prefeitura. "O nosso sistema de transporte não é excelente, mas funciona razoavelmente bem comparativamente com outras cidades brasileiras. Está bem estruturado, tem tarifa única, é integrado, eficiente no sistema de transporte na canaleta (via especial, onde trafegam alguns tipos de ônibus)", observa.
Mesmo assim, segundo Bindo, o número de usuários do transporte coletivo já é muito alto. Hoje há cerca de 2,3 milhões de passageiros/dia em Curitiba e mais 13 municípios da região metropolitana. No horário de pico, os ônibus da cidade circulam com 35 mil pessoas/hora.
A prefeitura, entretanto, vem aumentando suas medidas restritivas de tráfego nas áreas de maior movimento na cidade, diminuindo a possibilidade de estacionar em várias regiões. "A cidade cresceu, e as ruas, não. Ainda assim, os congestionamentos são pequenos e pontuais em determinados horários. É diferente de São Paulo ou Porto Alegre, em que a cidade para", explica Bindo, que descarta a adoção de rodízio como solução imediata.
Além dos ônibus, a prefeitura de Curitiba, na campanha para ser uma das sedes para a Copa de 2014, prometeu a construção de metrô. Segundo a prefeitura municipal, o projeto está em fase de "estudos de engenharia".
Fonte: UOL Notícias, 29 de setembro de 2010

Categoria: Geral


Outras matérias da edição

Ônibus vai para R$ 2,90 em dezembro (29/09/2010)

A passagem de ônibus na capital paulista vai passar para R$ 2,90 em dezembro - atualmente está em R$ 2,70. A informação foi dada dia 28 de setembro pelo prefeito Gilberto Kassab ao detalhar a proposta (...)

Estacionamento exclusivo (30/09/2010)

Desde o início deste ano as pessoas com mais de 60 anos passaram a ter vagas exclusivas nas ruas e estacionamentos privados de São Paulo, em locais que facilitam o embarque e desembarque de motorista (...)

Cadeirinha: 92,5% cumprem a lei (02/10/2010)

Um mês após o início da fiscalização do uso da cadeirinha ou outros dispositivos de segurança para crianças em automóveis, a Polícia Militar de São Paulo informou dia 1º de outubro que 92,5% dos veícu (...)

Sensores contra o despercio (06/10/2010)

Os sinais de trânsito podem diminuir o aquecimento global. E não é piada. Boa parte dos engarrafamentos, um dos vilões do meio ambiente, acontece por falhas nesse sistema. Para tentar resolver a quest (...)


Seja um associado Sindepark