O Brasil vive uma bolha imobiliária? Quando os preços sobem muito e caem de repente? O Prêmio Nobel de Economia, Robert Shiller, suspeita que sim. Foi a declaração que deu em recente visita ao Brasil. Mesmo admitindo desconhecer o mercado, falou com base no aumento dos valores dos imóveis. Nos últimos cinco anos, os imóveis no Rio de Janeiro tiveram uma valorização de 225%. Em São Paulo, de 185%. No Distrito Federal, de 115% de 2008 para cá.
O casal acabou de comprar o apartamento em Brasília. ?Você olha, vê o valor dos imóveis e vê que é muito caro, fora da sua realidade?, avalia o professor Wesley Paixão.
No Brasil a população cresceu, a renda também, e a oferta de imóveis não acompanhou. Há um déficit de sete milhões de moradias. Esses seriam alguns motivos da alta de preços, segundo especialistas do setor. ?O mercado brasileiro é muito diferente do que o mercado americano e o mercado europeu, onde tivemos bolha imobiliária?, afirma o diretor de habitação da CEF, Teotonio Rezende.
Entre as diferenças, segundo o diretor da Caixa Econômica Federal, estão as regras para compra de um imóvel. Para fazer um financiamento, além da renda, é preciso comprovar o nível de gasto do comprador, que não pode financiar o total do imóvel. ?Mesmo se nós tivéssemos uma flutuação para baixo no valor dos imóveis, teríamos que ter quase uma catástrofe para que o valor do imóvel não fosse suficiente para quitar a dívida?, acredita Teotônio Rezende.
Para a Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário, a atual fase é boa para o comprador. ?Nós não produzimos hoje o suficiente para atingir a demanda. Então a tendência é do mercado poder até sofrer uma alta no futuro?, diz Paulo Muniz, presidente da Ademi-DF.
E nem sempre, mas às vezes, cabe uma contraproposta. Foi o que fez a Luciana. ?As pessoas colocam o valor acima porque sempre tem uma negociação, né? Então quando você vê um anúncio ele nunca está refletindo o preço real de mercado?, acredita.
A Caixa Econômica Federal é responsável por 70% dos financiamentos imobiliários no Brasil. E a taxa de inadimplência na Caixa é de apenas 1,5%.
Fonte: Bom Dia Brasil (TV Globo), 15 de outubro de 2013