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Audiência sobre lei de uso e ocupação do solo não fala de estacionamentos

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Por Jorge Hori*

 

Compareci, no sábado, a uma audiência pública convocada pela Prefeitura Municipal de São Paulo, para apresentar e ouvir a população sobre a sua proposta de regulação do uso, ocupação e parcelamento do solo (LPUOS) antes de encaminhá-la à Câmara Municipal. Foi a última sessão de 12 audiências, cada qual contemplando um conjunto de subprefeituras. Envolveu as quatro que concentram a residência da maioria da “elite branca” paulistana: Pinheiros, que inclui a Av. Paulista e os Jardins; Butantã, que abrange o Morumbi; a Lapa, atualmente com uma grande expansão imobiliária verticalizada; e o Centro.

Depois de uma apresentação dos principais pontos do PL a um auditório cheio, com cerca de 300 espectadores, o público foi dividido por subprefeituras.

No grupo do Butantã, compareceu um público diversificado, todos à esportiva, já que era o sábado de um feriadão. Na sala deveriam estar cerca de 50 pessoas, pois 44 se inscreveram para falar.

A maioria das manifestações, reivindicações ou proposições foram de proprietários de imóveis, que estão vazios e que não conseguem ser alugados ou vendidos por incompatibilidade de uso. Não servem mais como residência, mas têm restrições para o seu uso não residencial. O tema principal foram os corredores, com um zoneamento específico.

A grande novidade, que já havia percebido em audiência sobre o projeto de lei do Plano Diretor, é a grande participação da "elite branca". Nas primeiras de que participei, dentro da estratégia petista de participação popular, o domínio absoluto era dos movimentos sociais. Desta vez, mesmo num sábado, com uma bela tarde, proprietários de áreas ricas deixaram de ir à praia para defender os seus interesses.

Os pobres estavam em minoria no auditório e praticamente inexistentes no grupo do Butantã.

A classe média tradicional e a elite perderam o medo de participar dos eventos públicos e de se expor. Perceberam que pela sua ausência ou omissão estavam deixando todo o espaço para os movimentos comunitários e sociais, para os pobres, que lutam por suas reivindicações.

A mudança de perfil nas audiências públicas complementa os grandes movimentos de rua de 15 de março e 12 de abril. A classe média resolveu "sair da toca" e dessa forma muda os objetivos da Prefeitura de São Paulo de convocar a sociedade para defesa das suas proposições.

Até há pouco os governos petistas convocavam a sociedade, a população, mas só tinham a resposta e presença dos mais pobres, mobilizados por movimentos sociais. Com a presença maciça da classe média o vermelho perdeu a hegemonia das ruas.

 

 

* Jorge Hori é consultorem Inteligência Estratégicae foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

           

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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