Um passeio pelas ruas de São Paulo pode levar o motorista a cometer infrações de trânsito mesmo sem perceber, devido a mudanças em regras, placas apagadas ou sinalizações confusas. A convite do Metro Jornal, o professor de arquitetura e urbanismo da Unicid Rodrigo Assumpção, 37 anos, coletou algumas dessas pegadinhas e as avaliou para a reportagem. A primeira cilada fica na saída da avenida 23 de Maio para o viaduto Pedroso.
Ali, com a faixa de ônibus, o motorista tem poucos metros para conseguir o acesso à direita pela linha pontilhada regulamentar. Se errar a entrada e for tentar voltar à pista dos carros, é quase que imediatamente multado, pois o radar está logo depois da saída.
Não há tempo para ele sair da faixa de ônibus caso erre a entrada, pondera o professor da Unicid. Da 23 de Maio, o motorista que vai para a radial Leste à noite tem que ficar atento: se na primeira via a faixa de ônibus vai até as 22h, na segunda ela termina às 23h.
E só alguns minutos depois que ele chega à radial é que a primeira placa indicando o horário da faixa na avenida aparece. Na rua dos Trilhos, na Mooca, zona leste, o motorista pode se confundir sobre em qual velocidade deve trafegar.
Ela começa com limite de50 km/hsinalizado por duas placas, passa para40 km/hlogo após a rua Taquari, é reduzida para30 km/hperto de uma escola uma quadra depois e, no quarteirão seguinte, placas sucessivas de40 km/he50 km/hna mesma calçada aumentam a confusão. No caminho para a marginal Tietê, várias placas apagadas na avenida Salim Farah Maluf, algumas sem nenhuma indicação sobre a regra a que se referem, avaliou o professor da Unicid. Um dos pontos mais controversos é o acesso à ponte das Bandeiras.
Antes, havia uma cancela que era fechada nos horários em que a entrada era proibida. Agora, há uma placa no acesso e um radar para flagrar quem entrar ali no horário proibido. O especialistaem transportes Sérgio Ejzenberg, 57 anos, critica a mudança na sinalização. “Se o motorista vê a cancela aberta, acha que pode entrar. Se consegue ver a placa e for evitar a multa, pode provocar um acidente”, avalia. Para terminar o circuito, Assumpção mostrou o corredor de ônibus sinalizado na esquerda da avenida Rudge, sem placa, convivendo com uma faixa na direita, com placa.
“O motorista fica em dúvida se as duas faixas estão ativas ou não”, avaliou.
Fonte: Jornal Metro (SP), 15 de abril de 2015