Faltam 10 mil vagas, mas o Centro deve ganhar só 1.290. O edital para a escolha das empresas que vão construir três estacionamentos subterrâneos na região central de São Paulo deve ser publicado até o fim do mês de junho, segundo reportagem de Bárbara Souza para O Estado de S. Paulo. O nome das vencedoras pode sair em outubro e as obras começariam ainda em 2008, prazo dado pelo então prefeito José Serra, no início de sua gestão, para a área receber 2.500 vagas.
Das seis garagens propostas inicialmente, três serão licitadas na primeira fase, no Pátio do Colégio (350 vagas), no Mercado Municipal (490) e na Praça Ramos (450). O formato do edital não deverá mudar muito com relação ao publicado em 2006. As vencedoras da licitação ficarão responsáveis por estudos, construção e exploração dos estacionamentos durante 30 anos. Depois, as áreas serão retomadas pela Prefeitura. Uma única vaga subterrânea custa, em média, R$ 40 mil, segundo o Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark). Custos, problemas como interferências de fios e dutos no subsolo e questões tarifárias precisam ser mais discutidas, na opinião do presidente da entidade, Sergio Morad. "Vamos ter de verificar as condições do edital, para ver se a proposta é viável."
O presidente da Associação Viva o Centro, Marco Antônio de Almeida, lembra que as garagens subterrâneas são reivindicação antiga. "É incrível a demora, porque é o único grande equipamento que o centro se ressente de não ter", diz.
Na gestão do ex-prefeito Paulo Maluf foram realizadas licitações para construção de estacionamentos nos mesmos moldes propostos agora. As garagens sob a Praça Alexandre de Gusmão, no Jardim Paulista, e sob a Avenida Doutor Enéas de Carvalho Aguiar, em Pinheiros, foram construídas depois de várias contestações de entidades civis. Hoje, grande parte dos estacionamentos que servem essa região foi adaptada no térreo de prédios, em ruas estreitas. "Eles causam grande transtorno no trânsito", afirma Almeida.
A Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) ficará responsável pela escolha das vencedoras, além de acompanhar e fiscalizar a execução das obras. Nove empresas e dois consórcios terão condições de participar da concorrência, segundo o diretor de Desenvolvimento e Intervenções Urbanas da empresa, Rubens Chammas. "A Emurb já fez o processo de pré-qualificação", diz.
Ele afirma que o estudo de demanda que apontou déficit de 10 mil vagas na região foi feito entre 2005 e 2006. Antes da publicação do edital, entretanto, haverá uma audiência pública para expor as normas da concorrência. Ainda não há estimativa de valor, segundo Chammas. Mas ele acredita que as eleições não vão interferir na licitação. "É um programa quase apolítico."
Fontes: O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, 12 de junho de 2008
Nota da Redação: O assunto desta matéria, garagens subterrâneas, é tema central do artigo de Jorge Hori, na coluna Inteligência Estratégica.