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É preciso mudar o rumo estrutural da economia

 

Por Jorge Hori* - Os dados do PIB do último trimestre de 2020, completando o ano, recém-publicados já estão defasados, mas dão  ideia da trajetória da macroeconomia brasileira nos últimos anos.
Ela segue os mesmos rumos há mais de 70 anos, com uma única exceção: o setor agropecuário, que se voltou para o mercado mundial. Todos os demais continuam predominantemente voltados para o mercado interno.
Esse imenso mercado de compras que já foi um dos dez maiores do mundo e que atraiu grandes investimentos nacionais e estrangeiros, perdeu força ainda no final do século passado e foi mantido em bom funcionamento até 2010, por mecanismos de sustentação do Estado. A partir daí os incentivos perderam eficácia, por equívocos governamentais, até entrar em colapso no final de 2014. Para a correção do excesso de gastos públicos, promovido nesse período, a partir de 2015 foi iniciada uma mudança de política econômica, sem alteração dos rumos estruturais da macroeconomia.
A transição de uma política econômica estatizante para uma política liberal, com foco no controle dos gastos públicos e privatizações, levou a macroeconomia brasileira para a recessão, até meados de 2017, com uma tímida recuperação nos anos subsequentes. A promessa de uma forte recuperação, a partir de 2019, com um novo governo, mediante uma política econômica radicalmente liberal não se concretizou.
Essa macroeconomia ainda fraca no início de 2020 foi alcançada pela pandemia do coronavírus, que já havia provocado o colapso dos sistemas de saúde em outros países e um grande volume de óbitos. A gestão pública se dividiu: o Governo Federal recusou-se a adotar medidas restritivas ao funcionamento das atividades econômicas, apostando na alternativa de tratamento precoce. Governos estaduais e municipais, seguindo orientações internacionais, adotaram medidas restritivas parciais.
O choque de políticas públicas levou aos piores resultados: a macroeconomia agravou a recessão num primeiro momento e depois iniciou uma recuperação lenta e demorada, o que determinou o resultado final de um decréscimo de 4,1% sobre uma macroeconomia já fraca. Isso levou o país a deixar o grupo das 10 maiores economias mundiais.
A agropecuária foi, mais uma vez, a exceção, com um pequeno crescimento, indicando o caminho que os demais setores se recusam ou não conseguem seguir. A indústria, que já teve maior participação no mercado externo, refluiu, em função da crise econômica da Argentina.  Já teve tempo para buscar e efetivar novos mercados, mas continua na esperança de uma retomada interna, com as reformas prometidas pelo Governo.
Sem a mudança de rumo estrutural, buscando maior inserção no mercado mundial, a macroeconomia brasileira continuará estagnada.
Medidas para tentar a manutenção do funcionamento de um motor enfraquecido e com prazo de validade vencido são apenas "gambiarras".

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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