A comerciante Saira Ramos, de 37 anos, deu sorte ontem (5). Encontrou uma vaga a poucos metros da entrada do Mercadão, no centro da capital paulista, região comercial, com alta procura por vagas. Estacionou o carro e logo foi abordada por um flanelinha, que informou, com a máquina da Zona Azul Digital na mão: “É R$ 10, R$ 5 da maquininha e R$ 5 meus.” No primeiro dia em que o talão da Zona Azul deixou de ter validade e o serviço passou a ser 100% digital, a comerciante pagou o dobro do preço tabelado.
Após ter adiado em 15 dias o fim da validade dos bilhetes, a Prefeitura de São Paulo decidiu iniciar ontem a operação somente com o modelo digital, via aplicativo. No primeiro dia da medida, muitos motoristas não haviam feito o download do aplicativo e recorreram aos pontos de venda para comprar créditos. Houve falha no sistema por mais de duas horas nas cabines oficiais do Mercadão. O problema na internet confundiu e irritou usuários, que correram para pontos de venda no entorno.
Pacote
Há dez empresas operando os aplicativos e outras 16 em análise. Já nos postos de venda atuam cinco empresas e existem outras sete em análise. O tempo do cartão poderá ser de 30 minutos, 1 hora, 2 horas ou 3 horas. Também há a possibilidade de comprar um pacote de créditos com desconto: dez cartões digitais custam R$ 45. Em nota oficial enviada ontem, a CET confirmou o problema no sistema das cabines do Mercadão e informou que o problema já foi regularizado. A Companhia não apresentou o balanço de multas aplicadas no primeiro dia do novo modelo.
Novo sistema terá cobrança fracionada e aviso de vagas
O secretário de Transportes, Jilmar Tatto, disse que o fim da Zona Azul de papel tem o objetivo de combater fraudes, que no ano passado somaram cerca de R$ 50 milhões. O valor representa quase a metade do total arrecadado em 2015 por estacionamento rotativo.
Dos talões entregues na sede da CET, por motoristas que foram solicitar reembolso, 17% eram falsos. Segundo o secretário, o novo sistema digital permitirá, até o fim de fevereiro de2017, acobrança fracionada da Zona Azul (por 15 minutos) e a informação via aplicativo sobre o local onde há vagas, nos moldes do que é feito no estacionamento de shoppings. Também será possível, conforme Tatto, que o motorista reserve uma vaga antes de sair de casa – a ideia é que seja cobrada uma taxa pela facilidade.
A tecnologia do sistema também permitirá que, nas próximas gestões, a Prefeitura eleve ou reduza o preço da hora em determinadas regiões com maior demanda, como em dias de grandes eventos no Município. Outra estratégia da Prefeitura para evitar fraudes no novo modelo é permitir o cadastro de três placas por IMEI (número único que identifica cada aparelho de telefone celular).
Fonte: O Estado de S. Paulo - 06/12/2016