A antiga estação de trens da Leopoldina, perto do centro do Rio, foi construída nos anos 20, e está fechada há 11 anos. Hoje, o terminal abriga um depósito de locomotivas. Mas o projeto do trem bala prevê que a estação volte a receber passageiros: será o ponto de partida e de chegada do trem de alta velocidade.
A previsão do governo de pleno funcionamento é em 2020, bem depois da Copa e das Olimpíadas. E um dos pontos mais discutidos entre especialistas é o custo da obra, estimada em mais de R$ 30 bilhões, mas que pode dobrar de valor ao longo da construção.
Para o consultor Maurício Lima, há outras prioridades à frente do trem bala. De acordo com o Instituto Ilos, da UFRJ, o Brasil ocupa a lanterna no ranking de infraestrutura ferroviária, quando comparado a outros cinco países, entre eles, China, Índia e Estados Unidos.
"Outra possibilidade seria investimento do governo no transporte mais ligado à mobilidade urbana, onde se gasta uma parte do tempo para ir e voltar do trabalho", afirma.
Já o economista Riley Rodrigues Oliveira, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, acredita que o projeto trará para o país uma tecnologia inédita e um incentivo para pesquisadores e para o surgimento de parques industriais que vão abastecer o setor.
"Se não tiver o trem vamos ter que fazer mais aeroportos nas duas cidades. O diagnostico do trem de alta velocidade é porque não existe forma mais adequada de atender a demanda, não é possível construir nos 40 anos mais dois ou três aeroportos no Rio e em São Paulo. Termos tráfego na magnitude que demanda vai exigir, a melhor solução é ferroviária, que é a solução que se adota em todos os lugares do mundo", afirma Bernardo Figueiredo, presidente da ELP.
O projeto do "Trem do futuro" exige uma tecnologia inovadora, defende o professor Richard Stephan, da Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O sistema previsto para o trem bala é o roda trilho, usado no Japão há 50 anos.
O professor diz que trens de levitação magnética, como o que liga o aeroporto de Xangai, na China, até o centro da cidade, são ainda mais rápidos e seguros: chegam a 500 km/hora. E, além da tecnologia de ponta, oferecem mais vantagens, como uma alternativa mais barata.
A discussão sobre o transporte de passageiros sobre trilhos ganha destaque no país pouco antes do novo edital de licitação do trem bala, marcado para o fim deste mês.
Fonte: programa Bom Dia Brasil (Rede Globo), 15 de novembro de 2012