Parking News

Pelos mais de 7 quilômetros de extensão da Avenida dos Bandeirantes, que liga a Marginal Pinheiros à Rodovia dos Imigrantes, na Zona Sul da capital, passam 30.000 carros no horário de pico. São 166 veículos por minuto, que contribuem para fazer dela uma das vias mais congestionadas da cidade, com velocidade média de 18 km/hora em determinados momentos. Com potenciais consumidores andando a passo de tartaruga, a via se tornou um grande corredor comercial. Há ofertas de mais de cinquenta tipos de barco (os preços podem chegar a 2,8 milhões de reais), além de dezenas de modelos de piscina, banheira, lareira, churrasqueira, móveis para escritório e diversos produtos difíceis de encontrar. Num determinado ponto convivem em harmonia anões de tamanhos variados, Brancas de Neve, miniaturas do Cristo Redentor e da Estátua da Liberdade. Todos feitos de cimento e pó de mármore pela Jardins Modernos, loja que abastece as casas de famosos como o sertanejo Zezé Di Camargo e o apresentador Gugu Liberato, entre outros. A reportagem é da Veja são Paulo.
Em sua parte final, funcionam três sex shops, algumas abertas 24 horas e vizinhas de hotéis de alta rotatividade. Nessa avenida onde se tem sempre a impressão de que tudo pode acontecer, coisas estranhas realmente acontecem. Exemplo disso ocorreu no domingo (11), quando um jato Citation CJ3 teve problemas no freio, atravessou a pista de pouso e colidiu com o gramado do Aeroporto de Congonhas - que faz divisa com a Bandeirantes.
Apesar da vizinhança incômoda do aeroporto, muitos comerciantes fazem de tudo para estar ali, pois a avenida virou um importante corredor comercial nas últimas décadas. A miscelânea de ofertas começa com lojas de lareiras e concessionárias de carros e motos na proximidade da Marginal Pinheiros. Perto de Congonhas, há uma concentração de comércio de produtos para jardim e de artigos náuticos, com mais de dez endereços especializados em barcos, lanchas e jet skis. Nas redondezas da Imigrantes, surgem alguns drive-ins e as sex shops. O aluguel mensal de uma loja de 2.000 metros quadrados chega hoje a 20.000 reais na região. Se o investimento compensa? "Vendemos 3.500 quilos de picanha por mês", comemora Marcos Back, gerente da Fogo de Chão, churrascaria que fatura 3 milhões de reais mensais. Devido à proximidade com prédios corporativos, 60% da clientela da casa é composta de estrangeiros. Alguns deles se assustam com os preços. "Na filial da Fogo de Chão em Washington paguei menos do que aqui em São Paulo", compara o executivo norueguês Arnt Kristiansen, que visitou o restaurante na semana passada. Nos Estados Unidos, o rodízio custa o equivalente a 95 reais. Aqui, sai por 103 reais. "A filial americana se abastece de carne do Texas, que é mais barata", justifica Back.
Além do trânsito infernal e de sua consequente poluição, amenizada com a restrição da circulação de caminhões em dezembro de 2011, uma constante preocupação é a segurança. "Já fui assaltado duas vezes", conta Ney Ribeiro, dono da Braz-Tools, especializada em artigos agrícolas e náuticos. Há três meses, a fachada de sua loja foi atingida por uma bala. Detalhe: o caso ocorreu numa tarde de sábado. "Sorte que meu vidro é blindado", diz. De três anos para cá, usuários de crack passaram a se aglomerar sob o Viaduto Jabaquara. "Vira e mexe alguma cliente chora porque perdeu a bolsa ou o celular", afirma Dalton Vieira, gerente da Padaria Graal, antiga Rainha. "Mas isso ocorre em toda a cidade. Na Avenida dos Bandeirantes, o medo maior é ser atingido por uma turbina na cabeça."
Fonte: Revista Veja São Paulo, 21 de novembro de 2012

Categoria: Geral


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