Em sua parte final, funcionam três sex shops, algumas abertas 24 horas e vizinhas de hotéis de alta rotatividade. Nessa avenida onde se tem sempre a impressão de que tudo pode acontecer, coisas estranhas realmente acontecem. Exemplo disso ocorreu no domingo (11), quando um jato Citation CJ3 teve problemas no freio, atravessou a pista de pouso e colidiu com o gramado do Aeroporto de Congonhas - que faz divisa com a Bandeirantes.
Apesar da vizinhança incômoda do aeroporto, muitos comerciantes fazem de tudo para estar ali, pois a avenida virou um importante corredor comercial nas últimas décadas. A miscelânea de ofertas começa com lojas de lareiras e concessionárias de carros e motos na proximidade da Marginal Pinheiros. Perto de Congonhas, há uma concentração de comércio de produtos para jardim e de artigos náuticos, com mais de dez endereços especializados em barcos, lanchas e jet skis. Nas redondezas da Imigrantes, surgem alguns drive-ins e as sex shops. O aluguel mensal de uma loja de 2.000 metros quadrados chega hoje a 20.000 reais na região. Se o investimento compensa? "Vendemos 3.500 quilos de picanha por mês", comemora Marcos Back, gerente da Fogo de Chão, churrascaria que fatura 3 milhões de reais mensais. Devido à proximidade com prédios corporativos, 60% da clientela da casa é composta de estrangeiros. Alguns deles se assustam com os preços. "Na filial da Fogo de Chão em Washington paguei menos do que aqui em São Paulo", compara o executivo norueguês Arnt Kristiansen, que visitou o restaurante na semana passada. Nos Estados Unidos, o rodízio custa o equivalente a 95 reais. Aqui, sai por 103 reais. "A filial americana se abastece de carne do Texas, que é mais barata", justifica Back.
Além do trânsito infernal e de sua consequente poluição, amenizada com a restrição da circulação de caminhões em dezembro de 2011, uma constante preocupação é a segurança. "Já fui assaltado duas vezes", conta Ney Ribeiro, dono da Braz-Tools, especializada em artigos agrícolas e náuticos. Há três meses, a fachada de sua loja foi atingida por uma bala. Detalhe: o caso ocorreu numa tarde de sábado. "Sorte que meu vidro é blindado", diz. De três anos para cá, usuários de crack passaram a se aglomerar sob o Viaduto Jabaquara. "Vira e mexe alguma cliente chora porque perdeu a bolsa ou o celular", afirma Dalton Vieira, gerente da Padaria Graal, antiga Rainha. "Mas isso ocorre em toda a cidade. Na Avenida dos Bandeirantes, o medo maior é ser atingido por uma turbina na cabeça."
Fonte: Revista Veja São Paulo, 21 de novembro de 2012