Seu fundador, o engenheiro mecânico Harry C. Stutz, nascido em 1876, projetou e construiu seu primeiro carro em 1897 com motor de um cilindro e potência de apenas 2 cv. Ao desenvolver um novo carro que levaria seu nome, Stutz sabia que não seria fácil obter o reconhecimento do público em meio a tantas dezenas de construtores, alguns já bastante consagrados. Por isso, ele decidiu começar pelas competições. A estreia deu-se na prova 500 Milhas de Indianápolis (então chamada de International Sweepstakes), em 1911. O modelo, construído em apenas cinco semanas, usava motor de quatro cilindros projetado por Stutz e fabricado pela Wisconsin Motor Company, com cilindrada de 6,4 litros e potência ao redor de 60 cv.
A seu volante, o sueco Gil Anderson obteve o 11º lugar - fora das colocações que recebiam prêmio em dinheiro, mas nada mal ao se considerar que quase metade dos 40 competidores ficou pelo caminho. Mais importante, o modelo havia cumprido os mais de 800 quilômetros à média de 110 km/h sem problemas mecânicos, parando apenas para abastecimento e troca de pneus. No ano seguinte começava a produção de veículos de rua, com motores de quatro cilindros e 50 cv e de seis cilindros com 60 cv.
Em maio de 1913, a Ideal e a fábrica de peças Stutz fundiam-se em uma só empresa, a Stutz Motor Car Company, que mantinha Harry como presidente. Seu mais famoso modelo foi sem dúvida o Bearcat (apelido para o leão da montanha), oferecido de 1914 a 1924 e depois entre 1931 e 1934. Tratava-se de um roadster - conversível esporte de dois lugares - de linhas simples, típicas dos carros de seu tempo, que usava uma versão mais curta (com distância entre eixos de 3,05 metros ante 3,30 m) do chassi habitual da marca. Os ocupantes sentavam-se bem perto do eixo traseiro.
Nas pistas
A Stutz nasceu nas competições e nelas obteve grandes resultados durante sua trajetória. Depois daquele 11º lugar em sua estreia na 500 Milhas de Indianápolis, a marca voltou à prova em 1912 e obteve a 4ª colocação. No mesmo ano vieram o 4º lugar na Vanderbilt Cup e o 3º na American Grand Prize. Em 1913, Earl Cooper venceu corridas em Tacoma (Washington), Santa Mônica e Corona (ambas na Califórnia) e faturou o campeonato AAA National, enquanto Charles Merz foi 3º em Indianápolis. Um ano depois, Barney Oldfield ficou em 5º na mesma prova: foi o primeiro carro norte-americano atrás de quatro europeus.
Ausente de competições durante o período de sua maior turbulência financeira, a Stutz voltava a sobressair após uma década. Em 1926, Gene Schulz vencia a prova de Atlantic City (Nova Jérsei); no ano seguinte, ganhava a subida de montanha de Pikes Peak, no Colorado, com um Speedster original. Em 1928, Frank Lockhart aplicava dois compressores a um pequeno motor de 1,5 litro com duplo comando de um Stutz Black Hawk que, com carroceria aerodinâmica, atingia 171,3 km/h no circuito de Daytona (Flórida). Três modelos da marca com motor de oito cilindros em linha, 5,3 litros e compressor ainda disputaram Le Mans em 1929; um deles foi 5º colocado.
A Stutz encerrava suas atividades em 1935, após 35 mil carros construídos, mas a história de seu nome não terminava por ali. O banqueiro James O'Donnell relançava a marca em 1968, como Stutz Motor Car of America, e dois anos mais tarde colocava no mercado o extravagante cupê de luxo Blackhawk, desenhado por Virgil Exner, com carroceria produzida na Itália pela Ghia e mecânica General Motors. Um Bearcat moderno também seria feito, de 1979 em diante, em total de pouco mais de 10 exemplares.
O Bearcat original assumiu um duradouro prestígio entre os norte-americanos, sendo comum associá-lo a um estilo de vida bem-sucedido da década de 1920.
Fonte: portal BestCars, 22 de março de 2013