A informação foi confirmada por funcionários das rodovias Rodoanel Oeste, Castelo Branco, Raposo Tavares, Anhanguera, Bandeirantes e Presidente Dutra. Oficialmente, a CCR, concessionária responsável por essas estradas, nega que tenha mudado o procedimento e diz que "caso o usuário passe pelo pedágio sem pagar a tarifa cometerá uma infração".
O empresário Bruno, que pediu para não ter o nome divulgado, foi enquadrado nessa situação. Por um descuido, saiu sem dinheiro do trabalho em 15 de fevereiro e precisou atravessar dois pedágios antes de chegar em casa. "Geralmente não me preocupo em sacar dinheiro porque tenho Sem Parar no carro. Mas me esqueci que estava com o carro da minha mulher, que não tem o chip", lembra o empresário.
Quando chegou à cabine de pagamento na Castelo Branco, Bruno foi informado de que poderia pagar a tarifa devida por meio de um boleto bancário, mas que não poderia mais passar por qualquer pedágio da estrada sem dinheiro ou seria multado. O problema é que, para seguir viagem, passaria por mais um pedágio. "Conversei com o funcionário. Expliquei para ele que isso não fazia sentido nenhum. Não estava me recusando a pagar. Só não tinha dinheiro ali."
Ao chegar ao Rodoanel, o motorista ouviu a mesma história. "Vou ter de tomar cuidado para não deixar isso acontecer de novo. O que achei estranho é que os funcionários disseram que essa regra mudou em janeiro. Mas não houve publicidade sobre isso." A prática é permitida pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), responsável por averiguar os contratos de concessão.
"Cada concessionária adota um procedimento", informa a Artesp, por nota. "O motorista não pode ser proibido de seguir viagem, mas sofre a consequência da evasão de pedágio." A agência lembra que o pedágio pode ser pago com cheque. Outra alternativa é levar o motorista para um retorno operacional.
Consulta
A concessionária Ecovias, responsável pelo Sistema Anchieta-Imigrantes, não coloca limites para a impressão de boletos por motorista. Por outro lado, faz uma consulta com o número do CPF do usuário. "O procedimento é adotado mediante análise e avaliação pelo funcionário responsável pela praça de pedágio e é liberado após preenchimento de formulário próprio e consulta do CPF do usuário", disse a empresa.
Projeto prevê uso de cartão de crédito
Um projeto de lei que está em tramitação na Assembleia Legislativa prevê que os motoristas possam pagar o pedágio usando cartões de débito ou de crédito. Autor do texto, o ex-deputado estadual e agora prefeito de Santo André, Carlos Grana, argumenta que o uso do cartão permitiria que famílias que não têm como pagar as tarifas viajassem com mais frequência.
A medida beneficiaria, ainda, quem se perde na rodovia e cai na frente de uma praça de pedágio, "correndo o risco de levar uma multa" por estar sem dinheiro, segundo a justificativa do projeto. O texto estipula que as concessionárias teriam de deixar disponíveis máquinas que aceitam cartão em pelo menos metade das cabines de cobrança - e as empresas teriam de sinalizá-las.
O texto foi aprovado pelas comissões de Transportes e Comunicações, Finanças e Constituição e Justiça. Para virar lei, o texto ainda precisa ser votado em plenário e, depois, ser sancionado pelo governador. Segundo a Artesp, agência reguladora das concessionárias, a utilização de cartão de débito ou crédito "depende de cada empresa e de acordos comerciais com bancos e operadoras".
Venda de chips agora é feita em vias movimentadas
Desde o começo do ano, a Sem Parar está vendendo nas ruas o chip que permite o pagamento automático do pedágio. Antes, a tag só era vendida em shoppings ou nas próprias estradas. Segundo a empresa, foram feitas parcerias comerciais com estacionamentos e postos de combustíveis no entorno de grandes avenidas para fazer a venda. A empresa esclarece que os funcionários estão "uniformizados e com a devida identificação funcional". Os pontos de vendas itinerantes podem ser vistos na Marginal do Tietê. A nova forma de comercialização da tag coincide com o fim do monopólio da Sem Parar. Neste ano, a concessionária passou a disputar o mercado com a fluminense DBTrans e com a recém-criada ConectCar.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 1º de abril de 2013