O prefeito Gilberto Kassab anunciou a criação de um grupo de estudos para analisar e desenvolver projetos para o estacionamento no Centro.
Kassab não quer proibir o estacionamento nas ruas, mas encontrar alternativas que melhorem o fluxo de veículos e, ao mesmo tempo, aumentem o número de vagas na região.
Kassab considera "defensável o objetivo de priorizar o trânsito no uso do sistema viário" em lugar da delimitação de vagas nas ruas, mas pondera que a proibição nos termos do projeto aprovado pela Câmara Municipal - imediata e no Centro Expandido - traria conseqüências prejudiciais, como a proliferação de estacionamentos irregulares (por causa do déficit de vagas), prejuízos para o comércio (com o afastamento do público) e pessoal insuficiente para fiscalização.
A idéia de grupos de estudo, contudo, não é uma novidade. Desde 1981, na Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), há documentos sobre um programa de estacionamento para a cidade.
Entre os projetos desenvolvidos ao longo dos anos estão as garagens subterrâneas nos distritos Sé e República, no Centro, com seis áreas já definidas para construção: praças Dom José Gaspar, João Mendes, Antônio Prado e Ramos de Azevedo, além do Mercado Municipal e Pátio do Colégio.
Mas, até agora, nenhuma saiu do papel, apesar de estarem aprovadas desde 2003. E é justamente aí que está um dos pontos polêmicos em relação à proibição de estacionamento nas vias públicas como forma de dar fluidez ao trânsito: faltam alternativas para o motorista.
Para Marcelo Flora Stockler, superintendente da distrital Centro da Associação Comercial de São Paulo, estudos e idéias existem há quase vinte anos, mas não se transformam em ações concretas.
"A iniciativa da proibição é descabida antes da apresentação e implementação de alternativas para estacionamento. Todas as áreas para a construção das garagens subterrâneas no Centro, por exemplo, já foram objeto de estudo", disse.
No caso da região central, o engenheiro Antônio Carlos de Carneiro de Camargo considera que uma eventual proibição do estacionamento prejudicaria a revitalização da área. "Diante de um déficit estimado hoje em cinco mil vagas, a proibição de estacionamento no Centro afastaria um importante público que movimenta o comércio.
Além disso, a medida prejudicaria as iniciativas reurbanização com foco em moradia", disse Camargo, diretor da Etep, empresa que fez o estudo de viabilidade econômica do projeto das garagens subterrâneas para a Emurb.
O vereador Ricardo Teixeira (PSDB), autor do projeto de lei que prevê a proibição de estacionamento nas vias no centro expandido, nos horários do rodízio, se reuniu com o prefeito Kassab nas últimas semanas para tratar do assunto e não se surpreendeu com o anúncio antecipado do veto do Executivo a seu projeto.
Segundo ele, a proposta de criação do grupo de estudo tem por objetivo definir uma política clara de estacionamento em São Paulo como um todo, não apenas na região central. "Para o Centro existem projetos. Mas não há para outras regiões, como os bairros do Itaim e Moema".
Teixeira afirmou que é possível que Kassab venha a utilizar a proposta por meio de decretos, como experiência para liberar mais faixas para veículos e melhorar a fluidez do trânsito. "O que não pode é continuar uma situação de ilegalidade de estacionamentos e indefinição quanto ao uso do espaço público.
Ao sinalizar esse tipo de política de fluidez no trânsito, consegue-se também demonstrar ao empresário a atratividade das garagens subterrâneas, que requerem altos investimentos", concluiu o vereador.
Fontes: DCI (São Paulo), 17 de julho de 2007
Diário do Comércio (São Paulo), 17 de julho de 2007