Depois de meses de desânimo, a Anfavea mudou o tom e anunciou que chegou a “hora da virada”. O recado foi dado por Antonio Megale, presidente da associação dos fabricantes de veículos, em coletiva de imprensa, dia 6, para divulgar os resultados do setor. Segundo ele, a definição política é o começo de um processo de recuperação para o País, que só acontecerá acompanhada de ajuste fiscal e limitação dos gastos públicos. “Já perdemos muito tempo. Temos que avançar”, determina.
Segundo ele, a retomada econômica é essencial para aquecer a demanda por veículos. De janeiro a agosto as vendas encolheram 23,1%, para 1,34 milhão de unidades. O executivo destaca a performance do mercado interno no mês passado como um dos sinais do momento de recuperação. “Foi o melhor resultado do ano.” Houve leve avanço de 1,4% na comparação com julho, para 183,8 mil emplacamentos, entre automóveis comerciais leves, caminhões e ônibus. Sobre o mesmo mês do ano passado o resultado foi 11,3% inferior.
Mais dias úteis, menor média diária
Megale admite que o aumento na comparação mensal foi puxado pelo maior número de dias úteis, já que a média diária de vendas encolheu. Em julho o ritmo de emplacamentos foi de 8,6 mil veículos/dia, patamar que caiu para 7,9 mil unidades/dia no mês passado. “Poderíamos ter alcançado resultado melhor”, reconhece. Segundo o presidente da Anfavea, a demanda por carros novos foi afetada pelos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, terceiro maior mercado do Brasil, atrás de São Paulo e Belo Horizonte. “As vendas diminuíram 14% na cidade.”
Expectativas
Megale defende que algumas mudanças são imprescindíveis para que esta seja, efetivamente, a hora da virada. Uma delas é a polêmica reforma da Previdência, debatida há anos, mas ainda sem solução. Outro ponto importante para a entidade é o debate das questões trabalhistas. “O acordado entre empresa e trabalhador deve prevalecer sobre o legislado”, defende o executivo, que apoia também a terceirização, controversa medida que está em debate no governo que, se aprovada, pode permitir que atividades-fim sejam feitas por funcionários não contratados diretamente pelas montadoras, por exemplo.
Enquanto a nova situação política não se consolida, a Anfavea sustenta a expectativa de que o ano vai terminar com queda de 19% nas vendas de veículos na comparação com 2015, com 2,08 milhões de emplacamentos. “Ao longo de 2017 devemos ter recuperação mais consistente”, projeta.
Fonte: revista Automotive Business, 06/09/2016