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Enquanto na Europa e nos Estados Unidos há uma ampla variedade de cupês para todos os gostos e bolsos, é justamente nessa versão mais charmosa que somos pobres de opções. No passado, até meados dos anos 90, os carros de duas portas predominavam e por isso tivemos versões cupê de modelos como Chevrolet Opala e Dodge Dart, mas a maioria dos carros no mercado não passava de sedãs de duas portas ou hatchbacks de três, sem maior inspiração em estilo.
Por razões de mercado ou culturais, no Brasil de hoje esses modelos em geral são fadados a pequenos números de vendas - em boa parte porque cobram preços muito altos em relação às versões de origem de quatro portas, como no Kia Cerato Koup. Foi também o caso do Opel Calibra (vendido aqui sob a marca Chevrolet), que custava bem mais que o modelo de origem, o Vectra de primeira geração, um carro já caro em sua época para os padrões brasileiros.
Dentro desse quadro de paixões e poucas opções, o Calibra, lançado na Europa em 1989, foi oferecido no Brasil de 1993 até o fim de sua produção, em 1997, embora recursos disponíveis na Europa (como motor V6 e tração integral) não tenham chegado até aqui. Era um carro que a seu tempo chamava muito a atenção pelo estilo singular, limpo e esportivo, com um baixíssimo coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,26, que levou quase uma década para outro carro de produção igualar.
Certamente o túnel de vento teve grande influência em seu estilo, como suas formas expressam com clareza, mas dentro de um ótimo equilíbrio de proporções. A Opel conseguiu ainda atingir um resultado que não é nada fácil: um estilo à frente de seu tempo, com atitude, esportividade e classe, muito bem balanceado. O resultado de um trabalho de qualidade é esse: mesmo passados 23 anos do lançamento e 15 anos desde o fim de sua produção, o Calibra ainda chama a atenção e agrada a muita gente, apesar das características de estilo ultrapassadas pelos atuais padrões.
Aliás, vale mencionar as características de estilo do Calibra que são quase o inverso do usual nos dias atuais: hoje são usadas grades dianteiras grandes, vincos e nervuras para todo lado; faróis, lanternas e janelas com contornos trabalhados; frente e traseira curtas para uma grande distância entre eixos.
O mundo do estilo automotivo não deixa de ser interessante por esse aspecto: analisamos aqui um carro concebido há mais de 20 anos que ainda pode agradar, enquanto por vezes um modelo novíssimo, que engloba todas as características de estilo e modismos atuais, pode não ter uma aparência que a percepção de muitos capte como positiva.
Foi um modelo que marcou época dentro da marca e que tem até clube - o Clube Calibra - em atividade no Brasil. É certo que esses e muitos outros admiradores sentem falta de modelos Opel à disposição no País, já que a marca alemã continua a demonstrar grande capacidade de desenho, seja em cupês, seja em modelos mais tradicionais. Não custa sonhar que possa surgir, algum dia, um novo cupê relativamente acessível que possa preencher o vazio que há para os amantes desses automóveis no Brasil.
Alguns destaques da análise de estilo feito na reportagem da Bestcars:
- Apesar da simplicidade do contorno, os faróis eram o ponto alto do desenho da dianteira por seu perfil muito baixo, permitido pelos refletores elipsoidais - uma novidade que dava um ar de tecnologia incomum.
- Aberturas pequenas eram comuns na época. Mesmo sendo tão estreita, a abertura superior da grade tinha bastante a ver com o tipo que a Opel usava em outros modelos, como o Vectra de primeira geração.
- Desde que as carroças perderam os cavalos, os capôs dos carros possuem algum tipo de adorno. A Opel fazia diferente nessa época com capôs lisos. Por um breve período, até que foi interessante.
- Nada de faróis de neblina ou entradas de ar adicionais, mesmo em se tratando de um esportivo. Colaborava com a aerodinâmica mas, apesar da boa aparência, tirava um pouco da pegada esportiva.
- Como era normal naquela época, o para-choque possui um trabalho de estilo bem simplificado. Havia apenas um rebaixo, formando uma saia para expressar esportividade. Era de certa forma obrigatório manter a região que receberia o eventual impacto, logo acima, saliente até mesmo para expressar robustez.
- A abertura da tampa do porta-malas não ir até embaixo é um exemplo de praticidade suplantada pela estética ou, talvez, pelo intuito de acrescentar rigidez à estrutura. Será que algum proprietário de Calibra se incomodou com isso?
- Outro item da época: os frisos salientes tinham a real função de proteger o para-choque e as laterais. As peças bem alinhadas e alojadas em rebaixos eram sinais de cuidado no acabamento.
- Nos anos 80 para os 90 era um conceito normal de estilo essa traseira mais estreita, assim como a dianteira, até por questões aerodinâmicas, que eram mais levadas a sério do que hoje. Isso fazia com que os carros ganhassem uma aparência mais leve e bem esculpida.
- Em uma época de carros bem arredondados e formas orgânicas, o Calibra com seus poucos vincos fugia um pouco aos padrões e antecipava uma tendência de estilo que estava por vir. Até por isso consideramos que estava à frente de seu tempo.
- Simplicidade total e beleza no contorno das janelas e a simulação de não haver coluna B, coisa que só vemos normalmente em carros-conceito. Muito bacana.
Fonte: Bestcars, 6 de dezembro de 2012

Categoria: Mundo do Automóvel


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