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O futuro das empresas de estacionamento

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Por Jorge Hori*
No 5º Congresso Brasileiro de Estacionamentos, realizado em São Paulo de 4 a 6 de outubro, um típico millennial repetiu uma visão já tradicional sobre o momento em que vivemos, de alta instabilidade e de mudanças que ocorrem em segundos. O que não se aplica para a atividade. Gera apenas um impacto sensorial, que se esvai rapidamente. Para um público de empresários que mantém, basicamente, o mesmo modelo de negócios há anos, o que ele disse faz pouco sentido seja para a atividade, como para suas empresas. A maioria ainda é de empresas familiares comandadas pelos próprios fundadores. Os mais novos herdeiros dos fundadores, com baixa emergência de novos e inovadores empreendedores, como ocorre na área da tecnologia da informação. Só recentemente "private equities" entraram no mercado, promovendo inovações, porém, acessórias. Não houve nenhuma mudança estrutural no modelo de negócio.
Os fenômenos Google, Facebook, smartphone, Kodak e outros se situam num campo visível, mas de representatividade superestimada na composição do PIB mundial. Este continua dominado pela tradicional dupla petróleo e aço, no segmento industrial. Para manter as posições de mercado, incorporaram os instrumentos da tecnologia da informação, sem mudanças estruturais significativas. Os setores tradicionais incorporam a modernidade tecnológica para manter as posições de mercado.
A chamada 4ª Revolução Industrial não é como a primeira, que mudou substancialmente a estrutura de produtos industriais, mas é mais marcada pela predominância dos serviços, transformando os bens materiais em acessórios ou ferramentas daqueles.
O que os millennials não conseguem responder é como a 4ª Revolução irá transformar os serviços, particularmente os serviços que envolvem a presença física de pessoas ou dos objetos, como é o caso dos estacionamentos. E como essas transformações irão mudar o posicionamento de mercado das empresas líderes. As maiores empresas do setor, com décadas de existência, tendo vivido as últimas revoluções industriais, corrm o risco de se tornarem uma Kodak, sucumbindo a uma nova e jovem empresa que introduz novas tecnologias para atender às mesmas necessidades? Ademais, pelo que me lembro, a câmara digital começou com a Sony, uma grande empresa japonesa, e não com uma start-up do Silicon Valley.
O que foi mostrado no Congresso são mudanças acessórias ou instrumentais, que melhoram tanto o atendimento aos usuários como a gestão empresarial.
As grandes marcas da 4ª Revolução Industrial são a impressão em 3D - na prática uma produção artesanal informatizada -, o big data, operação a distância, a ampla  comunicação por smartphones e a internet das coisas. Excluindo a impressão 3D porque os serviços são imateriais e não precisam de materialização seja por produção industrial em massa, como pela impressão doméstica, os demais já estão sendo introduzidos nos serviços de estacionamento mais inovadores. É o que ficou demonstrado na premiação sobre a inovação.  
Uma grande empresa do setor implantou em Florianópolis um estacionamento automatizado (dito robotizado), operado - a distância - por São Paulo. A busca de vagas e os pagamentos pelo smartphone já são usuais. O que, aparentemente, ainda não está utilizado ou disseminado é a internet das coisas.

A sua maior utilização tornará obsoletos todos os sistemas de automação já instalados. A grande velocidade de transformações ocorre exatamente nos sistemas automatizados.
A atividade principal que é a guarda de um automóvel numa vaga, em local próximo ao destino, não deverá mudar muito. A menos de uma inovação de ruptura. Nesse caso não há como prever o que será esse novo modelo de negócios do estacionamento.
O que são previsíveis são algumas transformações nos procedimentos e na arquitetura. Os bloqueios e sistemas de controle tenderão a ser eliminados por sistemas óticos que cuidarão de tudo. O usuário chegará ao estacionamento e apenas dará um sinal de dentro do carro. Deixará o carro e irá para o seu destino. No retorno, acionará um sinal pelo seu smartphone e quando chegar ao estacionamento o carro já estará a sua espera. As contas serão cobradas por faturas mensais ou por outro período. Se ele tiver convênio com uma seguradora, o big data localizará, promoverá o desconto e a cobrança da seguradora.
Em relação aos equipamentos, se disseminará o modelo de locação e não de venda. Quem precisa se reciclar e acompanhar as mudanças da 4ª Revolução Industrial são as empresas fornecedoras de equipamentos de automação dos estacionamentos. Nessas são muito visíveis a rapidez das transformações e a necessidade das empresas de estacionamento substituírem, mais rapidamente, os seus sistemas e equipamentos. Em situações similares a alternativa foi substituir a compra pela locação. Essa também deverá ser a tendência no setor.
O estacionamento e as operadoras de estacionamento não deverão sofrer grandes alterações e sobreviverão dentro do atual modelo de negócios, durante muito tempo. Ainda que com volume muito menor, em função dos carros compartilhados e autônomos.
Já a cadeia produtiva deverá ter total instabilidade. E muitas empresas atuais não sobreviverão às mudanças.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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