Após a maior baixa inflacionária deste ano em setembro (0,08% e 1,04% no acumulado dos três meses), o quarto trimestre deve fechar com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre 1,5% e 1,7%, taxa que elevará a inflação de 2016 para 7,1% a 7,4%.
No acumulado do ano até o nono mês, a inflação está em 5,51% (ante 7,64% registrados em igual período de 2015). Nos últimos 12 meses, a taxa desacelerou para 8,48% (contra 8,97% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores). Em setembro de 2015, o IPCA era de 0,54% e, em agosto, estava em 0,44%.
Os dados foram divulgados na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No mês passado, o índice foi o menor para setembro desde 1998. E conforme antecipado pelo DCI em 11 de julho, os preços dos alimentos arrefeceram. Com a terceira safra de feijão e as melhores ofertas de produtos usados como ração bovina, o leite e o grão, assim como a batata-inglesa, o alho e a cenoura foram os principais responsáveis pelo recuo de 0,29% do grupo Alimentação.
Contudo, segundo os entrevistados, os três últimos meses do ano devem sofrer um pouco de pressão inflacionária ante devolução nos preços agropecuários e a maior demanda por conta das compras do final de ano.
De acordo com Maurício Nakahodo, economista do Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG), esse cenário já é esperado e também já foi precificado pelo mercado.
Segundo os analistas consultados pelo DCI, a expectativa é de que outubro encerre com inflação de 0,4%, novembro feche entre 0,5% e 0,55% e dezembro com inflação em torno de 0,6% e 0,75%.
O acumulado do quarto trimestre deste ano, portanto (entre 1,5% e 1,7%), terminaria mais de um ponto percentual menor do que o ano passado (2,82%) e voltaria aos patamares de dois anos atrás (1,72% no mesmo trimestre de 2014).
Para André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), apesar da "pressão gradativa" que os problemas climáticos do verão possam trazer para os alimentos e do "movimento mais fraco" do final do ano, a queda dos preços monitorados e a estabilidade dos preços livres deixarão o quarto trimestre com uma inflação equilibrada.
"Os serviços livres, como cinemas, cabeleireiros, comida em restaurantes e estacionamentos vão começar a deixar de ser tão resistentes e poderemos ver uma queda dos preços como retrato da fraca demanda e do desemprego", ressalta, destacando que veremos uma "troca" das taxas altas de 2015 por taxas menores este ano. "A desaceleração da inflação ainda deve continuar", completa.
Importados
Ainda conforme os entrevistados, outro fator que pode colaborar para a desaceleração da inflação no último trimestre do ano é a possibilidade de maiores ofertas de produtos importados ante o patamar mais baixo do dólar observado nos últimos meses. A perspectiva é que a moeda americana feche 2016 em torno de R$ 3,20.
Fonte: DCI - 08/10/2016