Os "manobristas" oferecem, por esses valores, serviço vip: estacionam o carro e, após serem acionados pelo celular, trazem o veículo de volta até a porta do prédio do cliente a qualquer hora do dia ou até as 20 horas. Se está chovendo, rapidamente sacam o guarda-chuva para que o motorista se não se molhe. Muitos têm até cartão de visitas em que está escrito: "serviço de manobristas".
Manobristas entrevistados pelo Valor Econômico revelam que, nas zonas mais movimentadas da cidade, o direito de estacionar em uma determinada rua é vendido entre eles por R$ 1 mil a R$ 1,5 mil. Os pontos mais cobiçados também têm custo. Alguns pagam aluguéis de R$ 80 a R$ 100 para os "donos" da esquina. Empresários e profissionais liberais optam pelos manobristas por três motivos: preço, comodidade e falta de espaço. A reportagem visitou nove estacionamentos na Avenida Faria Lima, nos quais os preços variavam de R$ 220 a R$ 280 por mês. Em apenas um havia vagas disponíveis, enquanto nos demais nem lista de espera. Nos prédios, placas afugentam os interessados, informando que o estacionamento é só para os condôminos. E, mesmo para eles, o aluguel da vaga pode superar R$ 400.
De acordo com o Valor Econômico, os preços dos estacionamentos são resultado de uma simples equação de oferta e demanda. Circulam pelas ruas de São Paulo, diariamente, 3,5 milhões de veículos, conforme a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Cerca de 500 novos carros são emplacados por dia na cidade, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), e a tendência é aumentar. Com a facilidade do crédito e o crescimento da renda da população, a fabricação de veículos no país vai atingir 2,87 milhões este ano, 10% a mais que em 2006, informa a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Por conta do excesso de veículos, estacionar se transformou em um pesadelo em bares, restaurantes, boates, casas de show, ginásios de futebol etc. Quando o motorista finalmente acha uma vaga, sempre aparece um "flanelinha" para cobrar R$ 2,00, R$ 5,00, às vezes, R$ 20, para "vigiar" o veículo.
Há manobristas que se profissionalizaram a ponto de oferecer uma espécie de "seguro". Há dois anos, um motoqueiro tentou roubar o carro de Luciano Oliveira. Não conseguiu, mas arrebentou o vidro. O manobrista assumiu o prejuízo, dando um desconto mensal para o designer. Com esse esquema, reembolsam eventuais danos, como riscos na pintura, batidas ou multas.
Fonte: Valor Econômico (SP), 20 de novembro de 2007