Eles são mais de 5.000. Atuam dia e noite nos lugares mais disputados do Rio. E controlam 43.000 vagas de estacionamento. Há dez anos, os vendedores de tíquetes do Rio Rotativo - aqueles de colete cinza - tomaram conta da cidade após decisão judicial que proibiu a venda de talões diretamente aos motoristas em bancas de jornal.
O Rio ganhava um exército de flanelinhas oficiais. Desde então, o sistema mudou de nome - já foi Vaga Certa e Período Único, hoje é Rio Rotativo. As regras também mudaram, simplificando a cobrança: atualmente o tíquete custa 2 reais e vale pelo dia todo.
A diferença está no tipo de vaga: há aquela em que se pode parar por duas horas, outra por quatro horas e outra pelo dia todo. Apesar das correções no sistema, que rendeu 103.897.600 reais à prefeitura no ano passado, motoristas e especialistas ainda têm mais críticas do que elogios.
Entre os pontos positivos, o Cartão Morador é quase unanimidade. Com ele, o motorista que vive em prédio sem garagem, numa rua com Rio Rotativo, pode estacionar de graça ali, desde que se cadastre na região administrativa do bairro.
Hoje, 602 pessoas possuem o cartão. Entre os pontos negativos está a falta de informação. "A prefeitura precisa divulgar a relação completa dessas vagas. A população deve saber exatamente onde pode estacionar", sugere José Eugênio Leal, professor do departamento de engenharia industrial da PUC.
A CET-Rio promete disponibilizar as informações em seu site nos próximos meses. O maior problema, porém, são as irregularidades cometidas pelos guardadores. "Para faturar mais, muitos orientam o motorista a parar em lugar proibido.
Outros cobram, mas não dão tíquete. E ninguém fiscaliza", reclama o presidente da Sociedade de Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães Gomes. "A prefeitura planeja, regulamenta e sinaliza, mas quem fiscaliza mesmo é o usuário, que deve exigir o tíquete, respeitar a sinalização, denunciar à ouvidoria da Secretaria de Transportes ( 2286-8010) ou chamar a polícia, dependendo do caso", diz Hélio Faria, gerente de estacionamento da CET-Rio.
Hoje, a companhia tem controle apenas sobre as entidades que distribuem os tíquetes aos vendedores. Elas são onze, incluindo o Sindicato dos Guardadores Autônomos, cooperativas dissidentes dele e até pessoas físicas. "As entidades compram o tíquete por 70 centavos, repassam ao vendedor por 80, que vende ao motorista por 2 reais. As reclamações que chegam (setenta ao mês) são encaminhadas a essas entidades", afirma Hélio. Cabe apenas a elas tomar uma atitude.
Olho na placa
Há três grupos de vagas regulamentadas: nas de alta rotatividade (perto de pólos de comércio, como a Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema), pode-se ficar por duas horas.
Nas de média rotatividade (ruas secundárias), o estacionamento vale por quatro horas. E, nas de baixa rotatividade, o período é único (caso da orla). Basta procurar as placas.
Fonte: Revista Veja-Rio (Rio de Janeiro), 14 de março de 2007