Sustentáculo do PIB (Produto Interno Bruto) nos últimos anos, o setor de serviços, o de maior peso na economia, já não mostra o vigor de antes diante de uma inflação mais elevada, da desaceleração do rendimento e do emprego e da crise da indústria – que contrata muitos serviços, como consultorias, segurança, limpeza e outros.
Em2014, aexpansão de 0,7% do setor foi a menor de toda a série histórica do IBGE, iniciada em 1996. Em2013, aalta havia sido de 2,5%.
Com uma inflação mais alta – especialmente de bens essenciais como energia e alimentos –, sobrou menos para gastar com serviços, que se sofisticaram, ganharam peso e mais consumidores tiveram acesso a eles com a expansão da renda nos últimos anos.
Pesaram a queda do comércio (-1,8%, concentrada no atacado) e fraco crescimento de 0,4% da intermediação financeira (bancos, seguradoras e outros), dois segmentos de grande importância nos serviços.
Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias traduz essa perda de ritmo dos serviços. Foi o pior desempenho desde 2003.
Mesmo em 2009, ano da última grande crise global, o consumo dos lares do país teve expansão: 4,2%. Em2013, aalta foi de 2,9%. Desde 2010, esse componente do PIB, o de maior peso sob a ótica da despesa, desacelera.
“Em 2014, o crédito cresceu 5,8% em termos nominais (se considerada a inflação, houve leve queda), a taxa de juros ficou mais elevada, assim como a inflação. São fatores que explicam a freada do consumo”, segundo Rebecca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Fonte: Folha de S. Paulo, 27 de março de 2015