O espaço ocupado por algumas lojas que recentemente fecharam suas portas na rua 15 de Novembro, no Comércio, estão sendo utilizados para estacionamentos de veículos. Os donos desses espaços, entretanto, também reclamam das dificuldades que enfrentam diariamente para manter seus negócios. Um dos obstáculos, segundo eles, é a falta de investimentos, por parte do poder público, no centro comercial. Outro problema é o preço cobrado pelos estacionamentos.
É que muitos consumidores, às vezes, precisam resolver algo que leva, no máximo, 15 minutos. No entanto, caso deixem seus carros naqueles espaços, precisariam pagar o valor de uma hora - R$ 10,00. Há três semanas, Jorge Luís Vasconcelos abriu um estacionamento na rua 15 de Novembro, na esquina com a travessa Ocidental do Mercado. “Mas já estou pensando em fechar e mudar de ramo”, afirmou. “Não dá para pagar o aluguel”, acrescentou.
O aluguel do ponto custa R$ 15 mil. “Mas o dono queria inicialmente R$ 25 mil”, disse. Os dois funcionários do local contaram que o estacionamento funciona das 6 às 22 horas e tem capacidade para receber 22 veículos. Segundo eles, o dia de maior movimento é sábado, quando os consumidores vão fazer compras no centro comercial ou passear no entorno dessa área. Nesse dia, o estacionamento fica com a lotação completa. “Mas, mesmo assim, não é suficiente para pagar o aluguel”, disse uma funcionária. Ela contou que, às vezes, os motoristas querem ficar no estacionamento por pouco tempo - 15 minutos no máximo. Mas acrescentou que, por conta das despesas a serem pagas, não há como cobrar um valor diferenciado. E, se for colocar o carro no estacionamento, o motorista terá que pagar a taxa por uma hora, que custa R$ 10,00 para veículos.
Ney Sousa Silva é um dos proprietários de um estacionamento que também fica logo no começo da rua 15 de Novembro e funciona há quase um ano onde, antes, era uma loja. Ele faz uma análise mais ampla sobre a situação no centro comercial, que prejudica comerciantes de uma maneira geral e, também, consumidores. Em sua opinião, o governo municipal deveria criar incentivos para os donos desses estabelecimentos, para que, assim, pudessem gerar mais empregos e movimentar a economia.
“A gente contrata funcionários, mas não tem incentivo”, lamenta. “Pagamos seguro para os carros, pagamos pelo número de vagas, mas não temos descontos”, afirmou. Seu estacionamento tem vaga para 17 carros. E uma hora custa R$ 10,00. Ney disse que esse valor é negociado com o cliente. “Se ele ficar 15 minutos, paga R$5,00”, afirmou. Ele afirmou que faz tudo para facilitar a vida do cliente e, assim, poder garantir o pagamento das contas no final do mês.
INSEGURANÇA
No estacionamento, há quatro funcionários durante o dia e dois à noite. O espaço funciona das 7 às 22 horas - o horário é até mais tarde para tentar aumentar a receita do estabelecimento. Sobre o aluguel dos espaços, ele disse que o valor oscila entre R$ 10 mil e R$ 15 mil mensais. Ney Sousa apontou alguns fatores que dificultam a vida de todos: não há espaço para estacionar nas ruas do centro comercial. Se deixar o carro na rua, e não pagar o flanelinha, este poderá arranhar o veículo, acrescentou.
“O IPTU é caro, o aluguel é caro. Falta segurança”, disse, para acrescentar que, também por essas razões, os consumidores deixam de ir ao centro comercial. E, na hora de estacionar, preferem ir para os shoppings, onde terão mais comodidade, conforto e segurança. “A pessoa não pode andar com cordão no centro comercial por causa dos assaltos”, afirmou.
Para reverter esse cenário, Ney propõe que o governo municipal faça investimentos no centro comercial. E também sugeriu um trabalho em parceria com a prefeitura. “Se souber trabalhar, e se isso for feito em parceria com o município, não tem crise”, disse.
Fonte: O Liberal - Belém - 22/09/2016