Por Jorge Hori*
A inovação tecnológica colocou dentro dos automóveis a chamada automação embarcada. Substituindo inicialmente os marcadores analógicos por digitais, começando a sinalizar automaticamente pequenas falhas, como portas abertas, não colocação do cinto de segurança e outros.
O motor flex é um dos primeiros casos bem-sucedidos da internet das coisas, embora um subproduto da automação industrial: em função da octanagem do combustível (gasolina ou etanol) o computador ajusta o motor, sem necessidade de intervenção humana.
A automação embarcada se ampliou, passando a controlar todas as funções, sem intervenção humana, buscando o objetivo máximo de se mover sem a intervenção de um motorista.
Não se trata de colocar na direção um robô, como já se experimentou. O próprio automóvel tem sistemas de movimentação e autoajuste que dispensa o motorista. Trata-se do chamado carro autônomo.
Na prática é um complexo e sofisticado computador que se move sem motorista, tem a carcaça e acomodações de um automóvel e pode transportar dentro dele pessoas ou cargas.
Não é por outro motivo que os primeiros protótipos dos carros autônomos não são das tradicionais montadoras, mas de empresas de tecnologia como a Google, Tesla e outras.
Percebendo essa transformação, as montadoras estão desenvolvendo os seus novos carros, no conceito de computador que se move.
O principal avanço será dentro do conceito de carro compartilhado, que será implantado inicialmente com o motorista usuário conduzindo o carro.
Nesta fase, o interessado ou usuário vai até um ponto onde estão os carros, acessa pela internet ou cartão magnético, dirige o carro até próximo ao destino deixando o carro em outro ponto. Funcionará como hoje é feito com as bicicletas: sejam as abóboras, vermelhas ou azuis.
O maior problema serão - como em todas as alternativas - os locais de estacionamento dos veículos. Só funcionará bem se houver um grande e diversificado - em termos de locais - volume de pontos.
O segundo estágio poderá ser do carro autônomo se movimentando do estacionamento ou ponto até o usuário. A partir daí o usuário dirige o carro, para se sentir mais seguro e com controle sobre o carro. Descendo e finalizando a viagem, o carro autônomo irá buscar sozinho um local para estacionar. Poderá ser em via pública ou em estacionamento privado. Pela internet das coisas ele irá localizar a existência de vaga próximo de onde ele se encontra.
O terceiro estágio será de viagem completa do carro autônomo, dispensando a participação do motorista. Será a conjugação de duas evoluções tecnológicas: a dos serviços de táxi e a do carro compartilhado.
Uma das principais dúvidas com relação a esses carros e serviços será a cor da chapa, dentro do Código de Trânsito Brasileiro. Esses carros terão chapa cinza, vermelha ou terão outra cor, distinta das demais.
Uma observação adicional que trataremos em outro artigo é que esse sistema ou modelo poderá reduzir substancialmente a frota de automóveis, mas aumentará o seu uso e o trânsito ficará ainda mais congestionado.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.