Belo Horizonte não terá mais vagas nas ruas para os veículos com a construção de estacionamentos subterrâneos. Em audiência, realizada dia 18 na Câmara Municipal de BH, foi revelado que a intenção do projeto é de liberar os espaços das vagas na superfície e transformá-los em parklets – minipraças voltadas à criação de ambientes de convivência – ciclovias e novas pistas para ônibus.
A proposta para o projeto de lei prevê a implantação de cerca de 3.300 vagas de subsolo na regiões Central e hospitalar, além dos bairros Savassi, Barro Preto e Lourdes. Por meio de concessão, a empresa contratada deverá construir de cinco a nove em troca do direito de fazer a gestão e exploração do serviço oferecido.
Na audiência, os parlamentares se mostraram descontentes com a possibilidade de ampliação do número de vagas de estacionamento em áreas centrais da cidade, o que poderia estimular o uso de veículos privados em detrimento do transporte público, prejudicando a mobilidade urbana.
No entanto, segundo o presidente da BHTrans, Ramon Victor César, a operação pretende ir na direção contrária. Conforme o gestor, não haveria ampliação do número de vagas de estacionamento nas áreas mais movimentadas da cidade. Com a criação das vagas subterrâneas, o mesmo número de estacionamento rotativo, também conhecido como Faixa Azul, deixariam de existir na superfície.
De acordo Victor César, a operação está em sintonia com modernas políticas de urbanismo e mobilidade em voga em diferentes partes do mundo, uma vez que tenderia a incentivar o uso do transporte coletivo e diminuir o espaço para estacionamento em ruas e avenidas, desestimulando o uso de carros particulares.
Apesar de fazerem elogios ao projeto, representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte também fizeram a ressalva de que a realização das obras devem ser planejadas de modo a evitar transtornos para os comerciantes. Segundo eles, intervenções urbanísticas realizadas em anos anteriores dificultaram a circulação de consumidores, afetando vendas e levando alguns varejistas e empresários a fecharem as portas.
Marco Antônio Gaspar, da CDL, lembrou que a construção de edifícios garagem poderia ser menos custosa e trazer menos empecilhos para o funcionamento normal do comércio. “Desde que realizadas por meio de processos de construção menos destrutivos, a implantação dos novos estacionamentos pode ser positiva”, resumiu.
Fonte: Estado de Minas, 18 de março de 2015