Parking News

O brasiliense terá de pagar para estacionar na parte central de Brasília. Até o final do ano, o sistema de estacionamento rotativo será adotado nas áreas com maior escassez de vagas, como os setores comerciais Sul e Norte.

A partir daí, a cobrança deve se expandir de forma gradativa para outros locais. Já está definido que o número de vagas pagas não será superior a 20% do total existente. Ou seja, em uma área com 50 vagas, em 10 delas o motorista terá de pagar pelo tempo que ficar parado no local.
 
O valor e a forma sobre como será feita a cobrança ainda não foram definidos pelo governo. Os critérios serão definidos após estudos que serão realizados pelo Departamento de Trânsito (Detran). Mas uma coisa é certa: desta vez, o próprio Detran será o gestor do sistema, ao contrário do que ocorreu em 2003, quando o serviço, que ficou conhecido como Vaga Fácil, foi licitado pelo governo local.
 
Naquela época, o motorista pagava R$ 1,90 por duas horas de permanência. Houve uma guerra de liminares contra e a favor da cobrança. Primeiro a Justiça considerou a medida inconstitucional por ter sido proposta pela Câmara Legislativa.
 
Um ano depois, o argumento da Justiça para derrubar a cobrança foi o de que a administração dos espaços feita por empresa particular dava caráter privativo às áreas públicas.
 
A estimativa é de que existem 15 mil vagas na área central de Brasília. Mas para atender a demanda seriam necessárias mais 30 mil. A relação vaga-veículo é de uma para cada três carros. Um problema que o professor Carlos Nobre, 30 anos, conhece muito bem. Por 10 anos ele trabalhou nos setores Comercial Sul e Norte. "Chegava duas horas mais cedo para conseguir estacionar", relembra.
 
Flanelinhas
 
O diretor-geral do Detran, Délio Cardoso, informou que antes da utilização do estacionamento rotativo haverá uma intensa campanha de conscientização para que a população entenda que essa será a melhor solução para todos. "Hoje temos a privatização gratuita do espaço público por algumas pessoas que chegam pela manhã e saem no fim do dia. Muita gente fica prejudicada em função do abuso e da baderna cometida por parte dos motoristas. Não podemos admitir isso", analisou.
 
Durante o dia de ontem o Correio flagrou várias irregularidades no trânsito. Fila dupla é a infração mais cometida. Os flanelinhas carregam um saco plástico com pequenas pedras. O motorista deixa o carro desengatado. O vigia coloca a pedra embaixo do pneu para evitar que o carro desça. Em outros casos, o condutor deixa as chaves do veículo para que ele manobre ou estacione assim que surja uma vaga. Carros em cima da calçada também são comuns. O pedestre contorna o veículo e, muitas vezes, se arrisca no meio da rua para chegar ao destino.
 
Na próxima segunda-feira será publicado o decreto de reestruturação do Detran com redução de 30% dos cargos comissionados e a criação de duas diretorias: a de Educação e a de Atendimento ao Consumidor, setores que serão essenciais na nova política de atuação do órgão. À médio prazo, o governo conta ainda com os benefícios do Brasília Integrada, projeto financiado pelo Banco Mundial e que interligará o transporte público no DF: sistema alternativo, ônibus e metrô.
 
Levantamento recente da Secretaria de Transporte revela que 80% dos carros vindos de Taguatinga, Ceilândia e Gama para o Plano Piloto têm apenas o condutor. "Quando tivermos um transporte público seguro, eficiente e confortável, a classe média migrará para o sistema público", acredita o secretário de Transportes, Alberto Fraga.
 
Organizar sim, lucrar não
Não é raro ao estacionar o carro em vaga pública ter de pagar a alguém que toma conta do pedaço. Pode ser um simples flanelinha ou os sofisticados serviços de valet park que chegam a cobrar R$ 8.
 
Fato é que muita gente precisa do carro para ir trabalhar, resolver problemas do dia-a-dia, enfim, e a falta de estacionamento cada dia é mais crítica, o que dá margem a essas situações.
 
A frota de veículos cresce porque o brasiliense foge do precário transporte público. É preciso, sim, buscar soluções e o projeto das vagas rotativas se bem planejado, aliado a medidas para tornar ônibus, vans e metrô mais eficientes pode ser um caminho. Mas desde que seja norteado pela intenção de organizar o caótico trânsito, com carros estacionados nos lugares mais impróprios, em filas duplas e triplas.
 
E não apenas pela intenção de arrecadar. Em outros estados, as vagas rotativas já são antigas. Mas não podemos esquecer da fracassada tentativa do Vaga Fácil, há dois anos, que recebeu muita reclamação da população e acabou suspenso pela Justiça.
 
Fonte: Correio Brasiliense (Brasília), 06 de janeiro de 2007

Categoria: Mercado


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