O aplicativo de mapeamento do trânsito e navegação que reúne geolocalização e dados coletados em tempo real Waze ganhou status de recurso indispensável para quem quer se locomover de carro nas grandes cidades brasileiras. O inverso também é verdadeiro: o País é essencial para a empresa, um de seus principais mercados. “Somente na Grande São Paulo são mais de 3,5 milhões de usuários ativos que dirigem milhões de quilômetros por mês”, conta Andre Loureiro, diretor geral da companhia no Brasil. No mundo, mais de 65 milhões de pessoas usam regularmente o recurso para se deslocar.
Sem falsa modéstia, o executivo destaca que o poder do aplicativo vai além de evitar que as pessoas fiquem muito tempo paradas no trânsito. Ele diz que a ferramenta efetivamente reduz os engarrafamentos nos centros urbanos e é precursor de uma importante transformação: “Há uma mudança grande no comportamento dos moradores e motoristas das grandes cidades principalmente por causa dos smartphones e da possibilidade de se estar conectado o tempo todo”, avalia.
REVOLUÇÃO NA MOBILIDADE
Segundo Loureiro, este é o começo de uma revolução na forma como as pessoas se deslocam. Ele dá o exemplo de aplicativos que permitem coordenar a oferta e a demanda de transporte público, como o Moovit, que traça rotas e informa horários de ônibus, por exemplo, e o Uber, voltado ao transporte público individual. “Em muitos casos, já é mais fácil e barato coordenar uma alternativa de transporte do que dirigir por conta própria”, avalia. Ele aponta que as pessoas começam a ver o compartilhamento de carros com bons olhos, oferecendo até seu próprio veículo em plataformas de aluguel.
O executivo defende que o avanço da tecnologia vai intensificar ainda mais esse movimento e aumentar a eficiência de sistemas do gênero. “Hoje o carro privado fica em média 95% do tempo estacionado”, lembra, apontando que o uso colaborativo e a tecnologia devem melhorar drasticamente este índice, com impacto em vários segmentos da economia e da logística. “Este conjunto de tendências deve pautar uma mudança estrutural nas cidades”, diz.
Apesar de ser um recurso recente, o próprio Waze - que foi criado em 2008 em Israel, um dos maiores polos globais de inovação - passou por grandes transformações para acompanhar o mercado nos últimos anos. “Evoluímos de um aplicativo de trânsito para agente de mudança do tráfego e de inovação em mobilidade. Aproveitando insights anônimos dos usuários ativos, dos editores de mapa e dos vários parceiros de dados, o Waze compartilha base de conhecimentos de trânsito sem precedentes para melhorar a mobilidade urbana ao redor do mundo”, defende.
ESTRATÉGIA LOCAL
Loureiro diz que, por sua importância, o Brasil é um dos poucos mercados em que a empresa desenvolve recursos exclusivos. A ideia é atender a peculiaridades com ferramentas como o alerta de rodízio para veículos que circulam na cidade de São Paulo. O executivo afirma que, para responder a estas demandas, a empresa deve fortalecer sua equipe na região. Um dos desafios, diz, é tornar mais conhecido o potencial da ferramenta de impactar nas rotas do usuário e no trânsito.
“Não imaginávamos que o Brasil iria se empolgar tão rapidamente e permaneceria como um dos países que mais usam o serviço no mundo. A receptividade do usuário brasileiro e a abertura dele para conhecer o novo é um dos motores do nosso sucesso, mas o seu hábito de compartilhar e tornar tudo uma atividade social é o que faz com que ele seja diferente dos outros”, avalia, garantindo que o objetivo é seguir investindo localmente.
Fonte: revista Automotive Business, 10/03/2017