Por Jorge Hori*
Os jornais brasileiros, com repercussão em sites específicos, como o Parking News, divulgaram uma pesquisa feita pela Tomtom, sobre as cidades mais congestionadas do mundo. O Rio de Janeiro aparece no ranking da TomTom na oitava posição, sendo a cidade brasileira mais congestionada. Não seria a campeã latino-americana, porque segundo a empresa a cidade com maior índice de congestionamento no mundo seria a Cidade do México. No Brasil, Salvador aparece em segundo lugar, na 28ª colocação, seguida por Recife, no 43º lugar. E, pasmem, São Paulo só aparece na 71ª posição, superada ainda por Fortaleza, na 47ª posição.
Antes da avaliação da pesquisa, convém verificar a seriedade da empresa, a metodologia da pesquisa e os critérios para medir os congestionamentos.
A empresa, de origem holandesa, é uma vendedora de serviços e equipamentos de GPS, operando mundialmente, com cobertura em todas as cidades referidas na pesquisa.
Ainda que não esclarecida em detalhes, infere-se que a fonte da informação são os aparelhos de sua propriedade e ligados aos seus mapas. A partir da fonte, os seus potentes computadores podem registrar a velocidade e a circulação do veículo, desde que o seu equipamento seja mantido ligado. A pesquisa não seria amostral, mas de todo o universo dos portadores ou usuários do GPS da TomTom. A empresa não esclarece se ela estaria tendo acesso aos outros serviços e aparelhos que usam o GPS, na movimentação dos veículos.
Não há a informação sobre a representatividade dos usuários da TomTom em relação ao universo de veículos.
A TomTom calcula o índice de congestionamento pelo tempo adicional do conjunto das viagens, comparado com o tempo de um trânsito normal. Mas não diz o que seria esse trânsito normal.
Apesar dessas dúvidas, a pesquisa da TomTom é um indicativo e diz que as cidades brasileiras não estão entre as mais congestionadas do mundo. Há outras muito piores.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.