No primeiro dia de funcionamento dos aplicativos de celular da Zona Azul, nesta segunda-feira (11), motoristas estavam desconfiados ou desconheciam o novo modelo de cobrança. Com a mudança, em vez de pagar por bilhetes de papel, condutores de São Paulo podem estacionar em vagas da Zona Azul comprando créditos por meio de aplicativos.
O modelo de papel ainda é válido, mas a intenção da gestão Fernando Haddad é acabar com ele. A “Folha" testou dois aplicativos válidos em funcionamento. O uso é fácil, porém, depende da qualidade da internet no local onde é acionado. O técnico de elevadores Marcelo Camargo, 38, estacionou o carro na rua das Palmeiras, na Santa Cecília (centro), mas não quis usar o novo sistema. Apesar de usar frequentemente a Zona Azul, Camargo disse que vai esperar algumas semanas para baixar o aplicativo. "Não confio muito nisso. Vou ver se vai dar certo primeiro. Se der algum problema, como eu provo que comprei, sem o papel?", afirmou ele.
Assim como Camargo, outros motoristas estavam preocupados com a nova forma de fiscalização. "Eu ainda não entendi como o guarda vai saber se eu paguei", afirmou Osmair Pessota, 55, funcionário de uma gráfica, que estacionou o carro próximo da rua Oscar Freire, na zona oeste. No novo modelo de cobrança, o agente vai digitar o número da placa em um palm top, que vai informar se o motorista pagou ou não pelo estacionamento.
O equipamento é o mesmo usado pelos "marronzinhos" para aplicar multas. A adesão ao Zona Azul digital não preocupou quem vende talões de papel. Há 30 anos na região central, o flanelinha Agnaldo Ventura, 50, disse que o movimento na área em que atua foi normal. "Meus clientes são meus conhecidos e deixam até a chave comigo para manobrar. Mas esse aplicativo pode prejudicar o nosso trabalho, que é honesto", disse ele. A prefeitura considera a atividade irregular.
FUNCIONAMENTO
A reportagem usou os aplicativos Vaga Inteligente (da Estapar) e o Estacionamento Eletrônico (da Sertell, por enquanto somente para tecnologia Android), que são fáceis de baixar e de manusear. Para usá-los, porém, é necessário que o sinal de internet esteja bom – o que nem sempre acontece. No Vaga Inteligente, a reportagem teve dificuldade para cadastrar um dos cartões de crédito para pagamento. A mensagem era: "não foi possível concluir a compra neste momento, por favor, tente mais tarde".
A empresa afirma que o bloqueio de pagamento foi feito pela operadora do cartão e que não houve nenhuma outra queixa semelhante durante o dia. Segundo a Estapar, houve 15 mil downloads do aplicativo de sexta-feira passada até a tarde desta segunda. "Nossa média de aquisições diária do serviço subiu 43 vezes", disse Fúlvio Manente, diretor de tecnologia da Estapar. A empresa atua em outras cidades. O aplicativo também serve para reserva de vagas em garagens. O usuário do sistema pode comprar o equivalente a um CAD (cartão azul digital) – R$5 ahora, mesmo preço do modelo de papel usado hoje - ou vários créditos que podem ser abatidos à medida que vão sendo usados.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que até as 18h desta segunda foram vendidos 7.284 CADs, dos quais 1.163 já foram utilizados. A reportagem testou os três aplicativos disponíveis para Android. No DigiPare, da Areatec, só após concluir o cadastro a reportagem foi informada por um agente da CET que o serviço só estará funcionando na capital a partir do dia 18 de julho. A compra mínima no aplicativo era de R$ 10, mas o valor de cada CAD na cidade é de R$ 5.
A empresa disse que quando entrar em operação na capital o valor mínimo será de R$ 5. O Vaga Inteligente, da Estapar, que funciona tanto no Android como no iOS, não permitiu o cadastro dos dados pessoais para compra da Zona Azul – problema de celulares com pouca memória, segundo a empresa. O SP Cartão Azul Digital, da Sertell, não apresentou problemas. Já o aplicativo da Sertell funcionou, com exceção dos pontos onde o sinal de internet era falho.
Fonte: Folha de S. Paulo - 12/07/2016