Segundo ele, essa é uma premissa falsa porque não leva em consideração que tais obras acabam servindo como um convite para as pessoas usarem cada vez mais os carros. "Em cinco anos tudo volta a ficar engarrafado novamente e o tiro acaba saindo pela culatra", acrescentou. Para ele, os rodízios adotados em algumas capitais "são apenas a consequência de planejamentos errados".
Como solução, Morais aponta a adoção de medidas que dificultem a vida de quem anda de carro. Mas enfatiza que essas medidas precisam vir acompanhadas de alternativas, como a melhoria do sistema de transporte público, com corredores exclusivos para os ônibus coletivos. "Imagina um motorista parado no trânsito e vendo os ônibus passarem livremente por essas pistas exclusivas. No dia seguinte ele certamente cogitará deixar o carro na garagem e ir de ônibus para o trabalho. Sou da opinião de que carro é para deslocamentos excepcionais ou para o lazer."
Ele questiona também o conceito de que a modernidade seja a construção de veículos cada vez mais potentes e com novas tecnologias. "Há intelectuais que defendem que o conceito de modernidade para o transporte não é a potência de um veículo ou as tecnologias de ponta que são colocadas nele. Modernidade é ter eficiência e qualidade no transporte público e cidades sustentáveis, onde a distância entre a casa e o trabalho seja pequena", argumenta.
Outro erro histórico apontado por Morais é o de as cidades concentrarem os locais de trabalho em seus centros. "Grandes volumes de atividades acabaram expulsando a população dos centros. Ninguém mais mora lá. Há apenas pontos de trabalho e um fluxo muito grande de pessoas para esses locais", afirma o pesquisador da UnB.
Segundo ele, essas concentrações já estão extrapolando a fronteira das grandes cidades. "Há casos de cidades com 40 mil habitantes que já apresentam engarrafamento e zonas azuis por causa da concentração de carros no centro da cidade", acrescenta.
Fonte: Agência Brasil, 7 de maio de 2011