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Aplicativos de chamada: bons para quem?

 

Os aplicativos de chamada de carros de terceiros como o Uber, 99 e outros, se popularizaram, atraindo milhares de prestadores de serviços e outros tantos usuários.
Sem dúvida, melhoraram a vida dos usuários que podem deixar o seu carro em casa e se valer de carros de terceiros, com motoristas, fazendo viagens “ponta-a-ponta” e pagando apenas o preço da viagem (ou corrida). Com a farta oferta, os carros chamados chegam com razoável rapidez, em média seis minutos (pela minha experiência pessoal).
Voltando às contas simples, fazem – em média – 20 corridas, por dia, com média de 20 minutos, para uma jornada de – pelo menos - 10 horas por dia, com meia hora para almoço, em geral, fora de casa. Em resumo, entre a saída de casa, até o seu retorno estão com o seu carro na rua, ao longo de 600 minutos. Com um bom aproveitamento, estariam com 400 minutos com passageiros.
Com 120 minutos (6 x 20) circulando para atender ao usuário, mais 400 circulando com passageiro (20 x 20) ficariam apenas 80 minutos parados, entre os quais 30 minutos do almoço ou lanche, em alguma via pública.
Essa conta grosseira, obtida por pesquisa pessoal, de usuários contumazes dos aplicativos, teria alterações, com o aumento da oferta. O tempo de chegada teria diminuído para uma média entre 4 e 5 minutos, com redução da média para cerca de 18 corridas, com menor duração, em função da redução das distâncias, pelo uso mais frequente de corridas curtas. Teria a compensação de maior tempo de viagem, em função dos congestionamentos. Para alcançar as 18 corridas, o motorista do aplicativo precisa aumentar a sua jornada de trabalho por mais cerca de 10 % isto é, 11 horas dia, para alcançar uma remuneração condizente com as suas expectativas e custos.

São números genéricos, baseados em amostra qualitativa. Os aplicativos têm dados mais amplos e precisos, mas não os mostram.

Esses indicam que com a difusão dos aplicativos há mais carros circulando pelas ruas de São Paulo, alimentando os congestionamentos. Para cada carro de aplicativo que sai às ruas, para chegar à soma zero, seria necessário que entre 9 a 10 proprietários de carro deixem o seu em casa.
Os aplicativos melhoram – sem dúvida – a vida dos usuários, pela facilidade da sua locomoção, da sua mobilidade pessoal, mas não o da cidade. Essa piora: para todos. Como os usuários, que têm capacidade econômica de pagar pelos serviços, são uma parte menor da população total da cidade, a melhoria da mobilidade para estes tem – como contrapartida – a piora para todos.
Como a maioria - ou totalidade – dos formadores de opinião são usuários dos aplicativos, os políticos terão dificuldades de estabelecer qualquer restrição ao uso dos aplicativos.
Esses tendem a continuar crescendo e poderão representar, em futuro próximo, mais que a metade das viagens por carro na Região Metropolitana de São Paulo. A métrica será a pesquisa Origem-Destino de 2027.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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