Os ministros do Meio Ambiente dos 27 países-membros da União Européia (UE) chegaram ontem a um acordo para a criação de uma meta prevendo a redução de pelo menos 20% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2020. A meta será aplicada sobre os níveis de emissão de 1990. O principal alvo da proposta é o dióxido de carbono (CO2).
O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, afirmou que todos os Estados-membros deixaram claro que a meta de redução de 20% dos gases-estufa até 2020 é adequada e necessária para manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C até o fim do século.
Distribuição de esforços
Segundo o ministro da Alemanha, país que preside o bloco neste semestre, o que ainda suscita divergências entre os Estados-membros é como os esforços da redução serão distribuídos. Muitos países querem "um texto mais concreto" nesse ponto. Gabriel disse esperar que isso fosse obtido em conversas que os ministros teriam ontem.
Fontes da UE afirmaram que os países cujas posturas estão provocando mais dificuldades no debate sobre os futuros compromissos do bloco são a Polônia e a Finlândia.
Uma das principais divergências seria a decisão de se adotar 1990 como base para o quanto as emissões devem ser reduzidas. A Polônia alega que, em 1990, com a crise causada pela queda do regime comunista, a produção industrial do país sofreu uma redução drástica, assim como suas emissões de gases. Isso levaria a nação a ter uma base irreal como meta para a redução.
Representantes da Finlândia, que defendiam uma posição contrária a uma meta única, disseram que a distribuição precisa levar em conta as diferentes características dos países. "O clima na Finlândia é frio, as distâncias entre as cidades é grande e a quantidade de indústrias que usam muita energia é proporcionalmente muito grande", afirmou o primeiro-ministro do país, Matti Vanhanen.
A ministra espanhola do Meio Ambiente, Cristina Narbona, afirmou que as conversas têm sido difíceis, pois cada país quer que sua situação específica seja levada em conta. "Todos os membros da UE têm de fazer mais em relação à mudança climática e dividir entre todos o esforço comum, levando em conta as especificidades de cada", disse.
Uma nota divulgada pelos ministros afirma que a UE vai analisar quais critérios serão adotados para a divisão das obrigações, inclusive "parâmetros socioambientais e outros fatores relevantes".
A reunião dos ministros também serviu para os acertos de um grande encontro entre os líderes das 27 nações do bloco em março, quando serão apresentados todos os detalhes da estratégia ambiental européia.
Negociação Global
A União Européia aproveitou a ocasião para fazer um apelo para que as demais nações industrializadas reduzam suas emissões - um gesto visto por muitos especialistas como um pedido endereçado diretamente aos Estados Unidos e à China, duas das nações mais poluidoras do mundo e que ainda não estabeleceram metas para a redução de emissões de gases.
Espera-se que a redução de 20% nas emissões seja a base da UE para a negociação de um possível acordo global sobre a questão do aquecimento após 2012, quando termina o primeiro período do Protocolo de Kyoto.
Fonte: O Estado de São Paulo (São Paulo), 21 de fevereiro de 2007