Já o custo do transporte privado, que inclui os gastos com a compra de carros e motos, manutenção e tarifas de trânsito, subiu bem menos, 44%, abaixo da inflação.
Para o pesquisador do Ipea Carlos Henrique de Carvalho, o barateamento do transporte privado em relação ao público é a principal causa da redução do número de usuários de ônibus, que caiu de 20% a 25% no Brasil desde o final dos anos 90.
Carvalho afirma que não é possível melhorar a qualidade do serviço e reduzir a tarifa sem criar outras formas de receita. Ele defende mais taxação do uso de carros para financiar o serviço de ônibus.
Segundo Carvalho, o aumento da frota de veículos nas ruas encarece o transporte público, ao aumentar o congestionamento, exigindo que as empresas tenham mais ônibus rodando para cumprir os horários. Em São Paulo, calcula, 25% do custo do ônibus deve-se a isso.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, voltou a defender ontem a volta da cobrança do tributo Cide sobre a gasolina e a destinação desses recursos para o subsídio das passagens de ônibus municipais.
"Fiz a proposta à Fazenda e estou aguardando uma avaliação", afirmou à Folha. "O estudo do Ipea corrobora minha proposta. Existe um desequilíbrio entre o preço da gasolina e do ônibus no país."
Fonte: Folha de S. Paulo, 5 de julho de 2013