O governo do Estado argumenta que a piora no trânsito seria ainda maior sem a construção das pistas e diz que 260 mil caminhões deixaram de circular na cidade graças ao anel viário (que tem os Trechos Oeste e Sul em plena operação). É preciso lembrar ainda que os caminhões são proibidos de circular na capital nos horários de pico e há outros fatores que influenciam, como a retirada de faixas de circulação para carros e caminhões por causa de faixas exclusivas de ônibus e, mais recentemente, das ciclovias. Para o consultor em Engenharia Urbana Luiz Célio Bottura, o Trecho Leste já deveria ter efeito no trânsito paulistano.
Mas 13 mil veículos não é impacto nenhum. São Paulo é uma cidade sem muitas alternativas. Já o consultor em Transportes e professor da Fundação Educacional Inaciana (FEI) Creso de Franco Peixoto diz que obras rodoviárias em locais como a Grande São Paulo tendem a impactar pouco o tráfego, porque a taxa de ocupação é baixa, de 1,5 passageiro por veículo, em média, e a frota não para de crescer. Neste ano, a capital ganhou 127 mil carros.
"Temos de focar não em veículos por hora, mas em passageiros por hora", diz. Ele defende mais investimentos em transporte de massa, como ônibus e trens.
Promessa
Quando liberou a primeira fase da obra, o Estado prometeu a abertura integral do Trecho Leste para o começo de setembro, o que não se concretizou. Agora, a promessa é para daqui a dois meses.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp), Manoel Sousa Lima Junior, explica que os caminhoneiros ainda preferem utilizar a Jacu-Pêssego, para seguir diretamente para a Dutra. Quem está transportando produtos perigosos, como combustíveis e cloro, por exemplo, tem restrições na Ayrton Senna. A sensação de insegurança e a falta de serviços como postos de combustível e restaurantes são as justificativas usadas pelos motoristas para não usar o novo trecho.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 22 de setembro de 2014