Há pelo menos 12 mil cruzamentos de estradas e passagens de pedestres nos mais de 23 mil quilômetros de ferrovias em uso no país. Nesses locais ocorreu boa parte dos 864 acidentes registrados nas linhas férreas do país em 2013.
Apesar de o número de acidentes ser o menor desde 1996, quando as ferrovias deixaram de ser administradas por estatais, a quantidade ainda é alta em relação a padrões mundiais de segurança ferroviária.
Em várias cidades, o conflito entre trens e veículos está ficando cada vez mais grave devido ao aumento do volume de cargas transportadas e do fluxo de automóveis. Em alguns casos, um trem pode demorar até 10 minutos para passar num local, deixando fechado o tráfego na região.
Em vídeo divulgado dia 15, a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) apresentou imagens de vários usuários se arriscando a cruzar a linha quando o trem está se aproximando. Segundo Vilaça, diretor-executivo da ANTF, o risco é elevado já que um trem, dependendo da carga, pode precisar de até 500 metros para parar.
O fato é que ferrovias e cidades cortadas por elas estão perdendo. Segundo Vilaça, nessas regiões os trens têm que passar em velocidade menor para evitar ainda mais acidentes, reduzindo assim a velocidade com que a carga é transportada.
O contrato de concessão prevê que obras para desviar a linha dessas áreas têm que ser feitas pelas cidades ou pelo governo federal.
Para evitar esses conflitos, as concessionárias apresentaram um plano ao governo federal para fazer desvios ferroviários, viadutos e passarelas nos principais cruzamentos do país. Segundo Vilaça, o governo se comprometeu a incluir o projeto no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
"Estimamos que as obras custem R$ 7,2 bilhões e poderíamos ter um ganho de 20% na produtividade dos trens, reduzindo acidentes", afirmou Vilaça.
Fonte: Folha de S. Paulo, 16 de maio de 2014