Os relatos podem ser pistas para explicar a queda, nos últimos cinco anos, da participação de idosos no total de passageiros do metrô - e nos ônibus municipais.
No metrô, os idosos registrados oficialmente no ano passado foram 3,2 milhões menos do que em 2005 - 28,6 milhões contra 25,4 milhões. Trata-se de uma redução de 11% - num período em que a quantidade total de passageiros subiu 47%.
Os dados são baseados no bilhete que permite ao idoso passar pela catraca sem pagar - modo predominante para ter a isenção da tarifa.
O governo relativiza os números, pois quem tem 65 anos ou mais pode entrar de graça no metrô apresentando o RG, assim como policiais e oficiais de Justiça.
Embora esses registros tenham subido acima da média, não se sabe quantos deles são idosos. O Metrô também não tem ideia do que poderia levar mais gente a migrar do bilhete para a inspeção trabalhosa na catraca.
Mesmo se essa hipótese estiver correta e for levada ao extremo, significaria que perto de 7% das entradas no metrô eram de idosos em 2005, contra menos de 5% em 2010. Ou seja, eles estão mais presentes na cidade, mas não aderem ao transporte coletivo como os demais.
Picos
Nos ônibus municipais, a demanda de passageiros saltou 10%, já a de idosos baixou 1% - 1,2 milhão a menos em 2010 em relação a 2005.
Dentre as possibilidades para a redução, está a superlotação, que no metrô passa de 8 por m2 no rush. E também a migração para os carros - como cogita o engenheiro Jaime Waisman.
Por terem horários flexíveis, os idosos sempre evitaram os picos. O problema, diz Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia pela USP, é que a superlotação hoje dura mais. "A frota, reduzida fora do pico, precisaria ser total ao longo do dia."
Fonte: Folha de S. Paulo, 26 de junho de 2011