Nas ruas em torno das escolas, estabelecimentos esportivos ou culturais, a prefeitura quer estudar junto com o governo regional a instauração progressiva de uma velocidade limitada a 30 km/h. Alguns grandes eixos também serão incluídos: a avenida de Clichy, no verão de 2013, e os grandes bulevares.
A prefeitura agirá "caso a caso" para delimitar eixos onde a redução da velocidade seja "realista" para os motoristas e viável, do ponto de vista técnico. São fortes as resistências por parte dos moradores dos subúrbios que criticam a "boboland" (terra da classe média alta moderna) de Bertrand Delanoe, uma Paris sem carros, para solteiros ou famílias ricas. O Clube do Automóvel rejeita "a ideia de uma ampliação de zonas 30" e pede para que a questão seja submetida à apreciação dos eleitores.
Segundo a equipe municipal, essa medida permitirá reduzir a poluição, mas sobretudo os acidentes. Um estudo da Agência Nacional Interministerial de Segurança Viária estima que uma diminuição de 5% na velocidade reduz em 10% o risco de acidente com ferimentos e em 20% o risco de acidente fatal. No plano da poluição, o benefício é mais discutível: a diminuição da velocidade pode levar a uma maior emissão de CO2, mas diminuir a emissão de partículas finas, muito prejudiciais à saúde, segundo estudos da Agência do Meio Ambiente e do Controle de Energia (Ademe). No anel viário, a prefeitura espera conseguir com que o governo central reduza a velocidade em 10 km/h, passando de 80 km/h para 70 km/h.
A proibição de veículos mais antigos também pode causar polêmica. O prefeito de Paris proporá essa medida como parte da discussão sobre as "zonas de ação prioritária para o ar" (ZAPA) que a ministra do Meio Ambiente, Delphine Batho, decidiu relançar após o fracasso do governo anterior. A proibição se aplicaria a partir de setembro de 2014, para os veículos particulares e utilitários com mais de 17 anos, para os veículos pesados com mais de 18 anos e os de duas rodas com mais de 10 anos.
O perímetro dessa zona de exclusão iria até a rodovia A86. O prefeito de Paris se diz favorável a um pedágio, não uma barreira para taxar a entrada na capital como em Londres ou Estocolmo, mas um sistema de pedágio por quilômetros nas "rodovias metropolitanas". Além disso, a prefeitura quer obter a proibição de qualquer circulação de trânsito de veículos pesados em Paris e no anel viário. Ela proporá ainda a instauração de uma fiscalização técnica sobre duas rodas motorizadas, um meio de transporte que não para de se popularizar em Paris. Eles eram usados em 9% dos deslocamentos em 2010, contra 4% em 2001.
Não há certeza de que os parisienses tenham percebido a mudança, de tão onipresente que o carro continua nas ruas da capital. Mas em dez anos a circulação veicular caiu 25%. O comportamento dos parisienses se transformou: 40% abandonaram o carro para se locomoverem de transporte público, a pé ou de bicicleta. Somente 7% deles ainda usam seus carros diariamente. O uso da bicicleta disparou. Ela representa 3,1% das locomoções.
O sistema Vélib (aluguel de bicicletas) agora conta com 250 mil assinantes. Essa evolução é consequência de uma lógica dupla: a redução do espaço público que torna cada vez mais difícil estacionar e circular, e o aumento da oferta de transportes. Em dez anos, 750 mil metros quadrados de calçada foram adaptados em benefício dos pedestres, bicicletas e modos de locomoção "limpos". Linhas de bonde foram abertas.
Fonte: agência de notícias Reuters, 4 de novembro de 2012