Com poucas vagas de estacionamento, fruto de um problema estrutural decorrente da malha viária estreita e da arquitetura antiga, que não previa a construção de estacionamentos subterrâneos, o Centro é a região mais cara da cidade. Atualmente, o custo médio para mensalistas é de R$ 500 - o mais alto do País. Os bairros de Copacabana, Leblon e Ipanema vêm a seguir, com aumento de 24,48% para vagas mensais no período analisado. Já a Barra da Tijuca, registrou alta de 47,2% nas diárias e de 32,17% nas mensalidades.
De acordo com o coordenador de pesquisa da Colliers no Brasil, Leandro Angelino, os donos de estacionamentos no Centro estão cobrando cada vez mais caro pela primeira hora. Segundo ele, ao contrário de São Paulo, os problemas estruturais encontrados na região favorecem este tipo de abuso. "A demanda é grande. Existe até lista de espera para mensalistas." Para Angelino, os preços dos estacionamentos devem subir ainda mais por conta da realização de grandes eventos esportivos. "A única forma de combater essa prática abusiva é investir em transporte público de qualidade", disse o coordenador de pesquisas da Colliers.
A equipe do Jornal do Commercio visitou estacionamentos do Centro do Rio e constatou valores ainda mais alto do que os citados na pesquisa. Um estabelecimento na Avenida Marechal Floriano cobra R$ 17 pela primeira hora, em caso de veículo de pequeno porte. Para caminhonetes e utilitários, o valor sobe para R$ 19. No mesmo local, as diárias custam R$ 45 e as vagas mensais R$ 500. Na rua Visconde de Inhaúma, um estacionamento cobra R$ 18 pela primeira hora e R$ 7 por hora extra. A diária sai por R$ 50.
O preço de estacionamentos em shopping centers também é salgado. O Norte Shopping, em Cachambi, Zona Norte da capital, cobra R$ 7 por três horas, além de R$ 2,50 por
fração. No Rio Sul, em Botafogo, na Zona Sul, a tarifa é de R$ 7 e as horas extras saem por R$ 4. Já no Fashion Mall, em São Conrado, o motorista precisa desembolsar R$ 8 por duas horas, além de R$ 2,50 por cada 30 minutos extras.
Lei ainda não saiu do papel
A Lei 5.504, de autoria do vereador Jorge Manaia, tenta minimizar os altos preços cobrados nos estacionamentos cariocas. O projeto, que já foi aprovado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, ainda não entrou em vigor por conta de uma liminar impetrada no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) pelo Sindicato das Atividades de Garagens, Estacionamentos e Serviços do Estado do Rio de Janeiro (Sindepark-RJ). Ele concede ao consumidor um bônus caso não tenha utilizado integralmente o tempo cobrado pelos estabelecimentos. Neste caso, o motorista pode voltar outro dia e usar o período restante sem qualquer custo adicional.
Inicialmente, a proposta havia sido vetada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, no dia 1º de junho. Pouco mais de um mês depois, mais precisamente no dia 15 de agosto, a Câmara derrubou o veto por 30 votos contra dois. Segundo Manaia, o Sindepark- RJ alega que a lei é inconstitucional. "Eles dizem que não podemos legislar sobre os estacionamentos, mas se é competência do município liberar o alvará de funcionamento, por que não podemos criar leis que regulem a cobrança?", questionou. O vereador disse ainda que se o TJ-RJ julgar procedente a nova lei, os estacionamentos que infringirem a medida poderão ser punidos com multas que variam de R$ 300 a R$ 30 mil.
Fonte: Jornal do Commercio (RJ), 5 de novembro de 2012