Uma, duas, três. As voltas que o motorista de uma transportadora teve que dar no quarteirão no centro de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) foram incontáveis e duraram uma hora até que o local de carga e descarga, destinado para atividades deste tipo, fosse desocupado por carros de passeio. “Toda vez que preciso carregar ou descarregar é assim, precisa ficar dando voltas no quarteirão; e enquanto isso o gerente da loja tem que guardar a vaga colocando cadeiras, para que outras pessoas não estacionem no lugar”, desabafou Amarildo Pegoraro.
Essa é a realidade de várias cidades de porte médio da região de Londrina, que mesmo com o aumento de carros circulando não contam com o estacionamento rotativo. Funcionária de uma loja de utensílios, Ligia Rodrigues Carvalho conta que já presenciou por diversas vezes pessoas que moram em bairros distantes deixarem o carro no centro de Ibiporã para irem trabalhar em Londrina.
“Tem gente que deixa o carro estacionado na rua, vai para Londrina trabalhar de ônibus e só volta para buscar no fim da tarde”, indigna-se. Para Fátima Kadri, proprietária de um comércio de confecções, a dificuldade de vagas para estacionar na rua tem levado a população a trocar os comerciantes locais por shoppings.
CAMBÉ
Possuindo uma frota de quase de 35 mil veículos, conforme dados do IBGE, Cambé não tem um cenário diferente. Sem o Zona Verde, serviço de estacionamento rotativo extinto aproximadamente há sete anos, a quantidade de “flanelinhas” aumentou de forma considerável. Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial, está é uma demanda antiga dos comerciantes e motoristas.
“Estamos com problemas sérios na questão de flanelinhas. Até mesmo pessoas disfarçadas, e com outras intenções, têm pressionado muito os proprietários de veículos, causando um temor grande nas pessoas”, denuncia Pedro Mazei. Com a Acic auxiliando o poder público, Mazei acredita que o sistema seja uma forma de ajudar no trânsito de Cambé, que já não comporta mais o número de carros. “A mobilidade urbana é um desafio das cidades e depende muito de outros quesitos que influem, como a educação no trânsito, consciência da população e plano diretor. Por isso, estamos trabalhando em cima de medidas paliativas e o estacionamento rotativo é o mais próximo disso”, diz.
ESTUDOS
Com o Departamento de Trânsito estruturado recentemente, Ibiporã contratou em 2016, através de concurso público, quatro agentes que iniciaram a fiscalização nas ruas da cidade. Com este primeiro passo finalizado, incluindo o aperfeiçoamento dos servidores, o poder público agora se prepara para a realização de um estudo, junto com a Secretaria de Planejamento, para verificar a viabilidade de implantação do estacionamento rotativo. O município conta atualmente com cerca de mil vagas.
De acordo com o prefeito José do Carmo Garcia (PTB), a intenção é de que o sistema seja reinaugurado ainda este ano. “Estamos estruturando qual caminho seguir. Durante este ano, o compromisso do grupo que está estudado a implementação, e que reúne a sociedade civil, é que tenhamos a Zona Verde, ou qualquer outro nome que receber, ainda em 2017, quando a cidade completa 70 anos. Também estamos resgatando informações de como era antes para usar como base”, garante.
Zona Azul terá aplicativo para celular
Funcionando com parquímetro há quatro anos, a Zona Azul, sistema de estacionamento rotativo em Londrina, promete aliar tecnologia e conforto. O modelo terá um aplicativo para celulares, em que os usuários poderão comprar os créditos de forma antecipada e pagar o valor correspondente ao horário que o veículo ficar estacionado no cartão de crédito. A fiscalização pelos funcionários também será feita através do telefone.
Serviço foi municipalizado em Apucarana
Com o estacionamento rotativo funcionando há dez anos, Apucarana (Centro-Norte) municipalizou o serviço recentemente após o Ministério Público questionar a terceirização da Zona Azul. O sistema vinha sendo executado por uma empresa de Brasília desde 2014 através de um contrato emergencial, que acabou sendo renovado semestralmente até dezembro de 2016.
O estacionamento na área central então ficou suspenso, sendo retomado no início de abril. O valor do estacionamento é de R$ 1,60 pela hora e R$ 0,80 por meia hora, podendo ser renovada duas vezes.
Atualmente oferecendo entre 800 e 900 vagas, a ideia é de que, com o controle total do sistema após a contratação dos agentes, previsto para o segundo semestre, sejam disponibilizadas mais dois mil lugares para veículos.
Fonte: Folha de Londrina - Londrina - 19/04/2017