Quem busca um imóvel em São Paulo deve estar atento aos efeitos do Plano Diretor, aprovado em julho do ano passado, sobre os lançamentos tanto em relação à configuração dos projetos quanto ao preço das unidades. Nos corredores de transporte, os novos apartamentos precisam ser compactos e ter menos vagas de garagem.
No miolo dos bairros, a maioria dos empreendimentos deve ter até28 metrosde altura (o equivalente a um prédio de oito andares, além do térreo).
Na prática, para contornar essas limitações, as construtoras optam por projetos que misturam moradia e comércio em um mesmo prédio (modelo incentivado no Plano).
A estratégia visa ampliar o leque de clientes e tornar o negócio viável financeiramente. Em relação aos preços das unidades, o Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário) estima elevação de 25% a 60%, dentro e fora dos eixos. A perspectiva, no entanto, é que o reajuste maior recaia sobre as unidades em miolos de bairro, por serem maiores e com mais vagas de garagem.
A tendência é que sejam projetos de alto padrão, com menos unidades. Isso não quer dizer que o comprador precise correr para adquirir uma unidade com as regras antigas - mais de uma vaga de garagem perto do metrô ou acima de oito andares no meio do bairro, por exemplo.
O setor estima que até 2016 os projetos aprovados antes do Plano tenham unidades disponíveis à venda, além da opção de usados.
Possibilidades
Os apartamentos serão compactos e com serviços, como lavanderia, nos espaços comuns. As áreas de lazer estarão no terraço do edifício, liberando o térreo para lojas e espaços abertos. Ou uma torre recuada abrigará piscina e quadra esportiva no topo da área comercial do condomínio. Essa deverá ser a configuração predominante dos empreendimentos aprovados a partir do Plano Diretor atual de São Paulo.
O documento estabelece, por exemplo, o estímulo a prédios de uso misto nas áreas consideradas eixos de transporte - aquelas a150 metrosem torno de corredores de ônibus ou no raio de até600 metrosde estações de metrô ou trem.
O Plano prevê ainda incentivos às empresas que construírem empreendimentos com a chamada "fachada ativa", com áreas para o comércio e criação de espaços de uso público - terrenos particulares abertos à população.
PRATICIDADE
De acordo com as construtoras, o uso múltiplo desses imóveis pode fazer com que os projetos se tornem viáveis (se paguem e sejam rentáveis), por contemplarem pontos comerciais e residenciais, e as empresas dependerem menos de um tipo de produto. Para Josué Lucianelli Júnior, gerente de lançamentos da construtora e incorporadora Even, os projetos devem se empenhar em atender famílias que buscam praticidade. Segundo ele, os empreendimentos mistos acabarão por substituir os chamados "condomínios-clube" que concentravam serviços na parte interna, com frentes muradas e ocupando quadras inteiras.
Fonte: Folha de S. Paulo, 14 de junho de 2015