A tragédia relatada acima é algo comum em épocas festivas, como feriados prolongados de Natal e Ano Novo. O número de acidentes nas estradas federais costuma aumentar consideravelmente. Em 2007, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) denominou este período como "Natal Sangrento": foram 4.300 acidentes e 292 mortos, o mais violento da história. O temor de que isso se repita é grande.
O Dia da Consciência Negra (20/11), último feriado prolongado antes do Natal, apresentou elevado número de acidentes nas estradas federais do Rio de Janeiro. Os números - 137 acidentes, dez mortos e 58 feridos - só são menores do que o registrado no carnaval deste ano, que contabilizou 11 mortes.
"O comportamento do motorista muda nesse período do ano. Há certo relaxamento da atenção nas estradas por causa do clima de festa", afirmou a psicóloga especializada em trânsito da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Raquel Almqvist, em entrevista ao Maplink.
"Nessa época festiva, quando ocorrem comemorações de encerramento do ano em escolas e empresas, além das festas de Natal e Ano Novo, o fator humano é a principal causa de acidentes, principalmente quando há ingestão de bebidas alcoólicas", completou.
Dicas da Abramet:
- Verificar se a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não está com prazo de validade vencido e se o veículo oferece condições seguras e confortáveis para o motorista e passageiros.
- Analisar a situação pessoal dos que vão embarcar, começando pelo motorista, escolhendo a melhor posição dentro do veículo para cada passageiro.
- Verificar se não há objetos soltos no interior do veículo, se tudo está devidamente acomodado. Deve-se evitar também excesso de pessoas ou bagagens.
- Para maior segurança é fundamental que crianças com até dez anos de idade estejam acomodadas no banco traseiro do veículo e utilizem equipamentos de segurança apropriados para cada fase do seu desenvolvimento.
- O motorista e passageiros devem sempre usar o cinto de três pontos, inclusive no banco de trás. No assento central dos bancos traseiros dos automóveis é comum o cinto de dois pontos, que retém somente o quadril. Apesar deste inconveniente, é preferível usá-lo a não estar contido e protegido por nenhum cinto de segurança.
Prevenção de acidentes
Para mudar este cenário, foram tomadas algumas medidas significativas em 2008, como a implantação da Lei Seca no final de junho. Depois de cinco meses da nova lei, houve redução de 6,2% no número de mortes nas rodovias federais, segundo informações da PRF. Por outro lado, o número de acidentes teve aumento de 9,3% e o de feridos, 2,4%. No período entre 20 de junho e 20 de novembro deste ano, houve registro de 56.689 acidentes (crescimento de 9,3%), 2.779 mortes (queda de 6,2%) e 32.254 feridos (aumento de 2,4%). Em 2007, nos 61 mil km de rodovias federais os números foram de 51.863 acidentes, 2.962 mortes e 31.500 feridos.
Para o presidente da Abramet, Flávio Adura, medidas preventivas para a redução no número de acidentes e mortes no trânsito, como a Lei Seca, devem ser tomadas de forma ininterrupta. "Espero que os órgãos responsáveis atuem da maneira mais ostensiva e competente, pois os acidentes de trânsito são eventos passíveis de prevenção, e todo esforço para aumentar a segurança nas vias será mínimo se comparado com o intenso sofrimento causado às vítimas de acidentes de trânsito", disse.
A PRF ainda estuda estratégias para que o alto número de mortes não se repita este ano. De acordo com o inspetor Edson Varanda, ainda não há datas e períodos definidos para a operação especial no feriadão do fim de 2008. "Nessa época, o fluxo de veículos é intenso nas estradas federais e, por isso, sempre montamos uma operação para intensificar a fiscalização e coibir irregularidades e imprudências nas rodovias", disse.
De janeiro a outubro de 2008 a PRF registrou nas estradas federais de São Paulo 9.338 acidentes, com 3.863 feridos e 300 mortos. Em 2007 houve 8.383 acidentes, com 3.924 feridos e 322 mortos, o que representa leve redução na relação mortos/acidente (-6,83%) e feridos/acidente (-1,55%).
"Apesar das medidas tomadas, só os motoristas podem mudar o cenário de desastre viário que assistimos nas estradas do Brasil", declarou a PRF em nota ao Maplink.
Fonte: site Maplink, 28 de novembro de 2008