"É complicado, muito complicado. Rodei meia hora para encontrar uma vaga, só agora consegui achar", conta o vigia Luís Gustavo dos Santos Nascimento.
A dificuldade maior é mesmo nas vagas de rua, mais baratas. "Para quem tem dinheiro e pode pagar os estacionamentos fechados é fácil, agora, para quem não tem dinheiro, fica difícil", lamenta o vendedor Sérgio de Souza.
"Você estaciona duas, três horinhas e paga R$ 20. Quem aguenta? É impossível", reclama a autônoma Sônia Domingues.
Parece mesmo um contrassenso, mas em algumas das grandes cidades brasileiras atualmente já é mais barato ficar com o carro circulando do que parado no estacionamento. Um carro popular, por exemplo, a 60km/h, pode gastar quatro litros de combustível durante uma hora. Isso é menos do que se ele ficar parado uma hora em um estacionamento no centro do Rio, que cobra R$ 14.
Segundo dados do IBGE, a inflação do estacionamento foi recorde no ano passado: chegou a 18,58% em Belo Horizonte e 14,48% no Rio. E, segundo o engenheiro de trânsito Fernando Mac Dowell, o estacionamento deve ficar ainda mais caro, porque a frota de carros cresce muito mais rapidamente do que a oferta de vagas.
"O que cresce? O preço para poder trabalhar com as vagas que tem. O que vai acontecer é que a tendência é de os automóveis irem ficando em casa e tendo que utilizar transporte de massa. E, por isso, o governo tem que realmente caprichar nesses investimentos de transporte de massa", explica.
Enquanto isso não acontece, o motorista vai continuar se assustando na hora de pagar a conta.
Fonte: Jornal Nacional (TV Globo), 17 de fevereiro de 2011