Desenvoltos, os guardadores de carros ajudam os motoristas a estacionar seus veículos e até abrem as portas para as mulheres. À noite, partem para locais de grande movimento, onde já findou o horário vigente do rotativo.
São Caetano é um exemplo típico: a área de movimentação é tomada pelos estacionamentos rotativos que fazem os motoristas pagarem R$ 1,50 por hora, das 8h até as 18h, período no qual os flanelinhas não são vistos.
Por volta das 19h30, na Rua São Luís, via em que os motoristas costumam deixar o carro para ir aos bares e restaurantes da Avenida Goiás, por exemplo, a equipe do Diário conversou com um flanelinha. Uma moça de 25 anos, mas ela não quis se identificar.
Geralmente, os guardadores de carros delimitam território. No caso dela, estava apenas "dando uma força" ao dono do ponto - domina a área há cerca de 20 anos -, pois ele estava de folga. Desconfiada, ela não quis contar o quanto fatura por dia: "Não é muito."
"Aqui a gente trabalha na base do cafezinho." É assim que a maioria dos flanelinhas conhecidos da região garantem até R$ 1.600 mensais. Milton Alves de Góes, o Corintiano, de São Bernardo, é um deles.
Rotativos rendem mais de R$ 8,5 milhões
No ano passado, o Grande ABC arrecadou cerca de R$ 8,5 milhões com as vagas de estacionamento rotativos - excetuando Rio Grande da Serra, onde não há essas vagas, e Mauá e Santo André, que não informaram números oficiais.
A campeã de arrecadação é São Bernardo, que conseguiu R$ 6,1 milhões em 2010. Segundo a administração, "o recurso é utilizado para custeio operacional do sistema e parte é transferida para os programas sociais da Fundação Criança".
Flanelinhas
Onde não tem estacionamento rotativo e tem movimento, lá estão os flanelinhas. Em menor quantidade do que há um ano, por conta do crescente número de áreas tomadas pelos estacionamentos rotativos, os guardadores de carros são encontrados em lugares específicos da região. Mesmo assim, áreas que costumavam ser conhecidos pontos de atuação, agora estão tomadas pelas placas de proibição dos Departamentos de Trânsito.
As prefeituras informaram que a atividade não é ilícita, mas que pode sofrer repreensão da polícia no caso de o motorista se sentir constrangido ou achacado.
Fonte: Diário do Grande ABC (SP), 20 de fevereiro de 2011