A eletrificação dos sistemas de propulsão dos veículos leves é um fato incontestável, que pode ser verificado pela rápida aceleração das vendas desses modelos nos próximos anos. O movimento ocorre em diversos países, mas a China lidera o movimento pela sua opção de incentivar o aumento de elétricos em sua frota. Segundo estudos da consultoria inglesa LMC Automotive (representada no Brasil pela Carcon Automotive), a partir de 2019 os volumes negociados de carros com motorização puramente a combustão começam a declinar. A partir de então os automóveis eletrificados (híbridos, elétricos puros a bateria ou a célula de combustível) apresentam crescimento constante.
Pela ordem, híbridos fechados ou recarregáveis (HEV e HPEV) e elétricos com baterias (BEV) vão liderar as vendas de veículos eletrificados leves, que segundo cálculos da LMC deverão atingir cerca de 30 milhões de unidades no horizonte de 10 anos, em 2027. Já a tecnologia de células de combustível (FCEV com gerador eletroquímico a hidrogênio) deverá ter participação apenas marginal entre os eletrificados, com tendência de elevação dos volumes em uma visão de20 a30 anos.
No mesmo intervalo de projeção do estudo, os modelos que usam só motor a combustão ainda representarão algo como 60 milhões de unidades vendidas em 2027, ou 70% das compras de automóveis em todo o mundo (veja gráfico abaixo). Mas a participação geral de todos os tipos de veículos eletrificados começa a subir consistentemente a partir de 2019, devendo superar os 30% do total em 2027.
Quando se analisa o recorte de vendas de modelos eletrificados por país ou região, a liderança da China é incontestável, com 30% a 40% das compras globais em 2027, mas segundo estima a LMC haverá crescimento da participação de híbridos e elétricos em quase todos os principais mercados de veículos do mundo.
POLÍTICAS INCENTIVAM ELETRIFICAÇÃO
De modo geral, a tendência de aumento das vendas de veículos eletrificados é mais premente nos países que aplicam estratégias e políticas bem definidas para a eletrificação dos sistemas de propulsão. A China é o maior exemplo: no maior mercado de veículos do mundo foi introduzida a política regulatória denominada NEV (New Energy Vehicle), que promove no longo prazo a maior adoção de carros eletrificados e o desenvolvimento de tecnologias por meio de uma combinação de incentivos, na forma de créditos, atendimento de metas de níveis de emissões, busca de maior autonomia das baterias e objetivos de volumes de modelos de emissão zero.
Na França, além de incentivos oficiais, algumas cidades já anunciaram a proibição da circulação de veículos com motores a combustão, como Paris, cujo prazo anunciado para o banimento total de emissões veiculares é 2030. No Japão os subsídios são relacionados às emissões e à autonomia dos carros a bateria, o que também incentiva o desenvolvimento de tecnologias de carga e armazenamento de energia.
Nos Estados Unidos o Estado da Califórnia adota o programa chamado ZEV (Zero Emission Vehicle), que define um numero fixo de veículos de emissão zero a ser vendido. O objetivo para 2030 é de 5 milhões de unidades.
No caso do Brasil, não existe ainda nenhuma política definida para incentivar a eletrificação da frota, e há até quem ainda duvide do futuro dessas modalidades de propulsão. Uma discussão um pouco tardia. Mas há sinais de que o programa Rota 2030 considere o assunto. Vamos aguardar.
Fonte: Automotive Business, 21/06/2018