Estacionar nas áreas da Zona Azul está mais caro. O Decreto Municipal nº 17.128, publicado no Diário Oficial no dia 19 deste mês, que autorizou o reajuste da tarifa do transporte público coletivo, também ampliou em 50% o valor cobrado nas áreas de estacionamento regulamentadas pela prefeitura.
Enquanto o poder público e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps) tentam justificar o aumento do preço dos ônibus alegando a reposição da frota, a Superintendência de Engenharia de Tráfego (SET) diz apenas que a tarifa cobrada nos estacionamentos estava defasada, não apresentando outros argumentos que expliquem o súbito reajuste no preço.
O valor cobrado nas áreas de Zona Azul, que variava entre R$1 e R$3, conforme o tempo de permanência, agora vai de R$1,50 a R$4,50. Para uma ou duas horas, o valor cobrado é de R$1,50; para permanecer por seis horas, é preciso desembolsar R$3; se a necessidade do motorista for de 12 horas, o custo é de R$4,50. Diante da polêmica com o reajuste no preço dos ônibus, motoristas alegam que o aumento da tarifa de Zona Azul passou despercebido.
Funcionário da prefeitura, Antônio Carlos Ferreira, 51 anos, trabalha no Bahia Center, prédio anexo à Câmara dos Vereadores, e costuma deixar o carro na Rua Ruy Barbosa, Centro Histórico.
Na opinião dele, o reajuste é absurdo porque a prefeitura não oferece nenhuma melhoria no serviço. "O que ganhamos em troca do aumento? Não é justo reajustar e não oferecer nenhuma contrapartida para o usuário", reclamou Ferreira, que antes gastava cerca de R$30, por mês, e agora vai ter o custo de R$45.
Na maioria dos pontos da Zona Azul, motoristas revoltados reclamaram do aumento e também da falta de capacitação dos guardadores. Na Avenida Tancredo Neves, nos arredores do Shopping Sumaré, onde existem 112 vagas para estacionamento pelo sistema, as queixas entre os motoristas são as mesmas. "Eles (os guardadores) são grossos e sem a menor educação. Estamos pagando caro por um serviço que é uma porcaria", disparou o engenheiro químico Marcelo Lopes, 43 anos, que trabalha na região e paga a tarifa diariamente.
Evasivas - A chefe de gabinete da SET, Maria Socorro Fialho, tentou justificar o reajuste alegando que a tarifa estava defasada. "Não temos aumento desde 2001 e os nossos custos com operadores, sinalização de estacionamento e confecção de cartelas só faz aumentar", afirmou.
Maria Socorro acrescentou que a única melhoria prevista para o serviço é a mudança do material da cartela utilizada pelos guardadores. O mesmo argumento foi utilizado pelo presidente do Sindicato dos Guardadores de Veículos do Estado da Bahia Salvador (Sindiguarda), Melquisedeque de Souza. "Estamos há seis anos sem aumento e os guardadores precisam de um salário melhor", assinalou Souza.
Salvador tem 5.020 vagas autorizadas de estacionamento, 40 guardadores de automóveis que trabalham nessas áreas e 20 agentes da SET que fiscalizam o trabalho desses profissionais. Conforme o Artigo 181 do Código Nacional de Trânsito, a multa por não pagar o valor obrigatório de estacionamento é de aproximados R$53, infração considerada leve, com perda de três pontos na carteira.
A arrecadação com a Zona Azul é dividida entre o guardador, o sindicato e a SET, sendo 50% dos guardadores, 40% da Set e 10% do sindicato. A fiscalização feita pela SET tem apoio de 53 agentes, três viaturas e três motos.
Fonte: Correio da Bahia (Bahia), 24 de janeiro de 2007