Esse é o menor valor registrado pelo Banco Central na sua nova pesquisa de crédito, que tem início em março de 2011. As vendas financiadas para empresas também estão no menor patamar da série, R$ 25,8 bilhões.
O crédito como um todo está crescendo menos desde 2008, mas, entre as principais linhas, apenas o automotivo está em queda.
Segundo dados da Anef, a associação dos bancos das montadoras, a participação do crédito automotivo na economia caiu de 5,3% para 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto) entre março de 2013 e o mesmo mês de 2014.
Para a associação, o problema não está na oferta de dinheiro por parte dos bancos, mas na demanda.
"Crédito existe. Há dinheiro, taxas atrativas, prazos maiores e menores. O que falta é cliente na concessionária", diz o presidente da Anef, Décio Carbonari.
Dados da associação mostram que o porcentual de vendas a vista e financiadas praticamente não se alterou desde 2011.
E a liberação de novos financiamentos subiu nos primeiros cinco meses deste ano em relação ao mesmo período de 2013, depois de cair por dois anos seguidos.
Carbonari afirma que os bancos adotaram políticas de aprovação de crédito mais rigorosas em 2011 e 2012, devido à inadimplência recorde na época, e as mantiveram.
O problema hoje, no entanto, não é a aprovação, mas o recebimento de propostas. "Quando se olha a economia, não dá para ficar entusiasmado e achar que vai vender mais carro financiado."
Os vendedores de veículos, por outro lado, avaliam que falta crédito, sim, e que são necessárias medidas para reduzir o risco das operações.
O presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Flávio Meneghetti, afirma que o principal problema para as vendas é crédito.
"Os bancos, pelo tremendo calote que tomaram nos últimos anos e pela dificuldade em retomar as garantias, aumentaram a exigência de crédito", afirma.
Representante dos revendedores, Meneghetti diz que o setor trabalha junto a governo e bancos para atualizar a legislação que facilita a retomada de veículos.
A medida elevaria os negócios ao ponto de garantir um mês a mais de vendas por ano. "O problema é falta de demanda e de crédito. Com isso, pelo menos o crédito ficaria normalizado."
Ao divulgar os dados de crédito para o setor, o BC afirmou que os incentivos do governo provocaram antecipação de vendas, o que gerou queda nos anos posteriores.
A expectativa de bancos e revendas é que isso se repita com a prorrogação do IPI reduzido até dezembro.
"O ruim de medidas pontuais é isso", diz Meneghetti. "Mas novembro e dezembro devem ser meses aquecidos."
Fonte: Folha de S. Paulo, 6 de julho de 2014