A ciclovia passa em uma zona de bairros que tem o terceiro maior índice de uso de bicicleta de São Paulo, segundo a pesquisa Origem e Destino do Metrô de 2012. A zona de bairro que lidera o ranking é formada pelo Jaçanã, Santana, Vila Guilherme, Tucuruvi, entre outros da zona norte da cidade.
Em Jardim Helena, é comum encontrar moradores de bicicletas. Na estação de trem do bairro, há um bicicletário, que fica lotado já no início da manhã.
A nova pista terá 14,9 km e pode se conectar à ciclovia da Radial Leste, que tem 12 km - de Itaquera ao Tatuapé. A obra começou em fevereiro e deve ser concluída em setembro ao custo de R$ 6 milhões.
O projeto faz parte do "Plano Cicloviário" de 2010. A prefeitura pretende que, até o final da gestão Fernando Haddad, a cidade tenha 400 km de vias separadas aos ciclistas.
Depois de alargado, o passeio será pintado para separar os ciclistas dos pedestres. Em vários pontos, o novo espaço tem pouco mais de um metro de distância para as garagens.
"Como vou fazer com meu carro se a ciclovia é quase na minha porta?", reclama o aposentado Ivan Gomes, morador da Vila Curuçá.
Ele conta que, em fevereiro, operários da prefeitura quebraram sua calçada sem avisá-lo. Diz também que os funcionários pediram para a sua família trocar o portão, que poderia atrapalhar os ciclistas, pois ele abre para o lado de fora.
A prefeitura afirma que fez reuniões com a população da região para explicar o projeto.
Quem anda de bicicleta na região aprova a obra. "Quando ficar pronta, será ótimo. Não vou precisar ficar desviando dos carros", diz o eletricista Antonio Santana.
Para Horácio Figueira, consultor em engenharia de tráfego e transporte, o modelo de ciclovia na calçada e próximo a garagens pode gerar conflitos entre ciclistas e pedestres.
"É uma solução diferente, mas vejo alguns problemas. O do pedestre ser atropelado pelo ciclista, com quem ele dividirá a calçada no mesmo nível. E o morador que sair da garagem pode atropelar o ciclista", disse.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o projeto levou em conta a quantidade de veículos e pedestres em circulação na região. A empresa diz que no local a melhor solução era encurtar o asfalto e aumentar a calçada.
CENTRO
No centro também há reclamações de moradores e principalmente de comerciantes sobre a ciclovia da região, que passa por uma expansão e tem atualmente 10,5 km.
Comerciantes dizem não terem sido consultados ou avisados com antecedência.
"Quando vimos [a ciclovia] já estava pronta. Acho justo que se faça uma ciclovia, mas tem que ter uma alternativa para que a gente possa trabalhar", disse Wilson José Bento, sócio em uma loja na rua Guaianases.
A Folha percorreu o trecho e encontrou pontos já degradados. Há buracos e falhas no asfalto e a sarjeta está quebrada em vários pontos, avançando sobre a pista do ciclista. Também há acúmulo de água na via e vários carros estavam estacionados sobre a ciclovia.
Fonte: Folha de S. Paulo, 25 de julho de 2014