Foi assim que os Chevette se tornaram figurinha fácil nas oficinas de preparação. Valia tudo para extrair mais potência, como carburadores duplos, pistões de cabeça plana, aumento de cilindrada e até turbo. A GM se fazia de rogada: aos olhos dela o Chevette era um carrinho econômico e racional.
Rumores de uma versão mais potente surgiram no Salão do Automóvel de 1978. A estrela no estande da GM era o Chevette S/R, estudo do departamento de estilo que trazia pintura degradê, apêndices aerodinâmicos e instrumentação completa. Sob o capô, um novo motor 1.6. A ideia ficou só no protótipo, até ser retomada em 1980, após o sucesso do modelo hatch. A GM aproveitou itens do Chevette americano e lançou o S/R (Sport Racing) já como linha 1981. Era caracterizado por spoiler, faróis de neblina, faixas e aerofólio, mas a principal novidade era o motor 1.6. Os 80 cv não faziam milagres, mas já empurravam melhor seus 898 kg: 0 a 100 km/h em 16,55 segundos (3 mais rápido que o comum) e máxima de 148,76 km/h (10 km/h mais veloz). Ainda perdia para o VW Passat TS, mas podia disputar posições com Fiat 147 Rallye e Ford Corcel II GT.
Mas nenhum desses esportivos oferecia os prazeres da tração traseira do Chevette. A direção rápida e precisa do S/R não sofria a influência do torque aplicado sobre as rodas dianteiras e casava perfeitamente com seu comportamento neutro, resultado das barras estabilizadoras de maior diâmetro.
Ruim mesmo era a ergonomia: o volante era inclinado à esquerda, assim como os pedais, que não permitiam o punta-tacco. O câmbio sustentava seus predicados, com os engates secos e precisos de sempre. Ficou devendo apenas a quinta marcha, essencial para diminuir o consumo. Mas para ajudar havia um vacuômetro montado no painel, entre o velocímetro e o conta-giros. O console central trazia o marcador de combustível, relógio, termômetro e voltímetro. Porém nem sinal do manômetro de pressão do óleo. O interior era arrematado pelo estofamento xadrez e pelo revestimento preto do teto. Havia duas combinações de cores: Preto Formal com detalhes em prata ou Prata Diamantina com detalhes em preto fosco.
Na essência, o S/R era mais um esportivo 2+2: acomodava bem dois adultos, mas o banco traseiro era bom apenas para crianças. O raso porta-malas de apenas 254 litros ratificava a vocação nervosa, que durou apenas dois anos. Reestilizado em 1983, o Chevette manteve o motor de 1,6 litro, mas abriu mão da versão esportiva com a chegada do moderno Monza, que logo teria seu próprio S/R.
Fonte: Quatro Rodas, 12 de maio de 2014