A vocação do Brasil em produzir energia de fontes renováveis e de baixa emissão de CO2 poderá ser substancialmente ampliada com o maior uso de biogás, produzido a partir de resíduos orgânicos originados na agropecuária e no saneamento básico, que pode ser usado em larga escala por veículos pesados, como tratores e caminhões. Especialistas calculam que o potencial brasileiro de produção de biogás equivale a 44% da demanda por diesel no País.
“É possível produzir 52 bilhões de metros cúbicos de biogás por ano entre proteína animal, saneamento e resíduos sucroenergéticos. Este é o nosso grande diferencial perante a energia eólica ou solar, uma vez que nós conseguimos dar garantia de produção”, afirmou Gabriel Kropsch, vice-presidente da Associação Brasileira do Biogás e Biometano (Abiogás). “O biogás não é uma novidade, mas desde que começou a ser produzido muita coisa mudou. Hoje já somos uma realidade sustentável. O biometano, por exemplo, pode reduzir em 96% as emissões de CO2, com potencial para uma pegada de carbono próxima ao zero”, destacou.
Segundo Kropsch, o Brasil tem o maior potencial energético do mundo de produção de biogás, por causa do alto volume de resíduos orgânicos disponíveis. Pelas contas da Abiogás, o setor agropecuário pode produzir mais de 70 milhões de metros cúbicos de biometano por dia, sendo 78% originados de subprodutos da indústria sucroenergética e 22% da produção e processamento de proteína animal. A área de saneamento pode contribuir com mais 7 milhões de metros cúbicos por dia desse biocombustível.
Potencial destravado
Especialistas avaliam que esse potencial pode ser destravado e aproveitado a partir dos incentivos trazidos pelo RenovaBio, nova política nacional de biocombustíveis aprovada no fim do ano passado, que deve agregar o biogás à matriz renovável de baixa emissão junto com etanol e biodiesel.
Na Europa e América do Norte o biogás já é apontado como alternativa sustentável para utilização em veículos pesados, como tratores, ônibus e caminhões. O biocombustível oferece eficiência e autonomia próxima a do diesel e sua implantação é bem mais rápida e barata do que a eletrificação.
Fonte: revista Automotive Business, 11/05/2018