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Estratégias empresariais e eleitorais podem ter algo em comum

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Com a proximidade das eleições, nosso colunista anda recebendo pedidos para que analise algumas perspectivas sobre o assunto, até porque andou antecipando em duas semanas alguns fatos que uma revista  de grande circulação publicou só esta semana. Jorge Hori procura comparar as estratégias eleitorais com as empresariais, para não se distanciar do objetivo de sua coluna. Confira.

Por Jorge Hori* - Os eleitores são influenciados pelas versões que são produzidas pelos candidatos ou pelo seu marketing, gerando ilusões que a realidade desmente mais à frente.

A maior ilusão criada foi de que a eleição iria ser decidida pelas redes sociais. Isso pela influência das mesmas para um grupo restrito de pessoas, mas que inclui grande parte dos empresários.

A ilusão é criada pela quantidade de aparelhos celulares no Brasil. Supõe-se a existência de um estoque maior que a população total, de ordem de 210 milhões. É provável, porque acumula as vendas, deduz os descartes, mas não os aparelhos deixados nas gavetas. Nessas, eu pessoalmente tenho cinco. E tem outros tantos perdidos em algum lugar da casa. Já devo ter trocado de aparelho mais de dez vezes. E todas contam como estoque.

Esse estoque não quer dizer aparelhos ativos e, dentro dos ativos, quantos são usados para acompanhar noticiário político? Globo News é referência para poucos.

João Dória tentou, mas foi desmentido pela realidade e teve que abandonar a pretensão de ser um presidenciável. Bolsonaro foi quem mais soube usar o meio na pré-campanha. Mas agora corre o risco de ser vítima do mesmo instrumento.

A rede social é um vasto campo para "zoação", incluindo as "fake news". É uma grande diversão irresponsável. Não é o meio para uma campanha política séria.

A nova "zoeira" nas redes sociais chama-se Cabo Daciolo. Na verdade ex-cabo, porque foi expulso do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, por indisciplina e outros motivos por ter liderado a greve dos bombeiros e ocupado as escadarias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 2011.

Embora tenha sido eleito com alguns votos dos bombeiros, a sua base eleitoral, atual, é de evangélicos pentecostais, da facção mais radical. Os que têm Satanás como o inimigo e praticam o exorcismo como forma de retirar o demônio que se instalou nas pessoas ou entidades. Segundo Daciolo, Satanás se instalou na Praça dos Três Poderes.

Beneficiado pela regras eleitorais, estará presente em todos os debates. Terá tempo suficiente na TV para se mostrar como a figura diferente, "folclórica", em quem muitos vão votar, para "zoar" com a política. Será o Enéas da vez. Ou, para os mais antigos, o Macaco Tião ou o Cacareco.

Poderá chegar a cerca de 3% dos votos, a quase totalidade retirada de Bolsonaro ou do voto nulo. Poderão ser os votos que faltarão para Bolsonaro chegar ao segundo turno. Daciolo é o lado caricato de Bolsonaro. Este deve estar fazendo uma grande pressão para que o Patriotas não registre a candidatura do ex-cabo à Presidência.

A rede social é uma grande ilusão para alavancar candidaturas majoritárias, mas seguramente é um importante instrumento para derrubar candidatos.

O mesmo vale para os negócios: a rede é um instrumento ineficiente para vender, para conquistar mercados, mas muito eficiente para desmontar e desmoralizar negócios.

A segunda grande ilusão é a confusão entre o "newcomer" e o "outsider", para efeito de renovação política. O newcomer é o novato que nunca esteve no mercado e ingressa querendo conquistar de pronto fatias de mercado. Pode ser um empresário bem-sucedido em outros negócios e que resolve ingressar no negócio de estacionamento, achando que com base na sua experiência vai ganhar muito dinheiro. Em geral, é um predador, que acaba saindo mais adiante, com grandes prejuízos.

O outsider é um integrante do mercado que passa a adotar práticas heterodoxas, criticando os demais concorrentes.

"Eu sou um deles, mas não sou igual a eles. Faço política ‘antipolíticos’.” "Como sou de dentro, conheço bem essa corja." "Sei como acabar com eles."

Ele procura conquistar o mercado, e também o eleitor, não como o novo - mas como o diferente.

Quanto mais os oponentes o criticarem por não ser um newcomer ou ser um outsider, mais ele ganhará mercado.

É nesse ponto que o outsider pode perder mercado para um outsider, mas radical. Ou mais folclórico, que é um "grande prato" nas redes sociais.

Há outras ilusões e mitos que trataremos adiante, comparando as estratégias eleitorais com as empresariais, para a conquista ou manutenção de fatias de mercado.

*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA: 

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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